Fazer Porque Se Faz Lá Fora?

Um interessante gráfico do João Marôco sobre o desempenho dos alunos nos PISA e a duração do “1º ciclo”.

Como ele escreveu:

Evidências de possíveis vantagens de uma educação primária com 4 anos em monodocência + 2 anos em pluridocência ou 6 anos em monodocência (coadjuvada ou não), não há.

Mas cá, como é costume, não se tomam decisões com base em “evidências”, no sentido científico do termo, mas mais no sentido da crendice ou da fé. E temos aquele abnegada parolice de fazer, porque “lá fora fazem assim”. Não interessa se é com resutados melhores ou piores. Porque sim.

O parolismo pedagógico está entranhado há décadas e o costismo sonso elevou o parolismo na área da decisão em matéria de políticas educacionais a um nível quase inigualável. Quase.

E depois há ainda os papagaios… que se limitam a repetir o que lhes mandam repetir. Ou que acham que fica bem repetir.

(já repararam que, por exemplo, os rankings e os resultados dos pisa não servem para nada, nas palavras de alguns, excepto quando é para dizer que num dado país os resultados são assim ou assado e que por isso o devemos seguir? o caso da Finlândia é “paradigmático” com certas cliques a apresentá-lo como exemplo maior, mesmo quando já se encontrava em estagnação e regressão, quiçá por causa de medidas que por cá se apresentam como modelares?)

Pelo Blogue Da FFMS

O texto foi escrito a pedido e a publicação acabou por coincidir com o do DN. Este, por ser mais curto, assume explicitamente que simplifica a realidade. Eu sei que há zonas de sobreposição e muitas excepções. Mas em pouco mais de 3000 caracteres não dá para muitas deambulações.

Já sei que ando a aborrecer alguns colegas com esta minha forma de encarar as coisas, mas o meu objectivo é analisar o que observo e não ganhar um concurso de popularidade ou de mister simpatia. Até porque já iria tarde para isso. Deixo isso para outr@s.

Um acordo, três gerações de professores

Docentes e Governo chegaram a acordo para a recuperação do tempo de serviço da classe, que estava congelado desde os tempos da Troika. Neste texto, Paulo Guinote explica como a decisão foi recebida nas escolas os impactos das novas medidas em três gerações de professores: Os esquecidos, os entalados e os descongelados.

“Professor, O Que Quer Dizer Com ‘Lado Direito’?”

Confesso que uso esta imagem há algum tempo (é de um manual de 6º ano de HGP, já com uns bons anos), mas só este ano tive direito (literalmente), em todas as turmas que fizeram hoje a ficha de final de período, à pergunta acima. Parece que o facto da imagem estar do lado esquerdo da questão, perturba a percepção da distribuição espacial das “personalidades”.

O outro problema foi a expressão “identifica a personalidade”.

Basicamente, tudo foi um problema, mesmo se imagem e questão estavam numa ficha formativa feita há umas semanas, que levaram corrigida no própria dia, para casa.

Fora o resto que amanhã talvez partilhe.,

Tempo Velho, Cristãos Novos

Eu tinha de aproveitar a expressão usada por um colega numa conversa de há dias. Estava com alguma dificuldade até ver por aí gente a engolir uns gráficos com os salários brutos dos professores e a lamentar-se porque aos 40 anos não ganham o que ganham colegas com 60 anos e mais duas décadas de carreira. E, revelando que a add não é um monstro imposto apenas de fora, já leio quem saiba que é melhor do que outros, mas ganhe menos, provavelmente não conhecendo como eram essas pessoas com a sua idade.

Por isso, estes tempos aparecem-me como velhos, tresandam a coisas de há 15 anos ou mais, quando a estratégia começou por ser o fomento da oposição entre “novos” e “velhos”, acusando estes de privilégios e, ao que parece, de nunca terem sido novos e também terem sido contratados, sem sequer direito a subsídio de desemprego, quando não eram colocados. E os dias também eram contados ao segundo. Que o digam os pouco mais de 200 das minhas primeiras quatro temporadas de substituição de colegas grávidas ou, num caso, já com depressão. E leio gente, com falinhas mansas, ligadas à situação anterior, a incentivar essas atitudes, sem grande vergonha na cara, pois têm idade para saber como tudo foi.

E temos, pois, os cristão-novos, chegados bastante tarde a qualquer contestação, a lamentar-se quando são os que menos ficam a perder com este acordo, porque têm tempo para recuperar o que lhes foi congelado e nem entraram com uma carreira e vão sair com outra. Para quem desconhece, porque não sabe e nem gosta de aprender, quem agora está no 7º escalão (índice 272) ou acima teve de passar por dois com quotas e levou com mais 6 anos de carreira do que previsto inicialmente. Se isto a certas mentalidades surgem como “privilégios” ou algo parecido, realmente fica explicado porque sempre me pareceu que há quem faça vigílias só para se ver nas redes sociais e vai a manifestações porque fica bem no “currículo” de pseudo-lutador@. Porque a coerência é relativa e a solidariedade é retórica. Para não falar na memória selectiva e na incapacidade de aprendizagem, ou melhor, no desinteresse por saber mais do que o que lhes aparece mastigado em forma de gráfico oportunista.

Realmente, por vezes mais vale ficar em casa.

2ª Feira

Meio copo, meio cheio

(…)

Claro que a situação é neste momento muito mais favorável do que era o ano passado ou há 5 anos. É óbvio que, logo que o descongelamento aconteceu, deveriam ter sido tomadas medidas para não prolongar mais uma situação profundamente injusta, que só se manteve por manifesto capricho de um punhado de governantes – e seus prolongamentos mediáticos – que nunca perdoaram a contestação que lhes foi movida desde 2007.

É importante que muitas pessoas, que parecem ver só o copo a encher, entendam que os pontos de partida e chegada não são os mesmos. O copo nunca poderia ficar cheio, haveria sempre quem ficasse a perder, mas não venham dizer que ficará meio cheio para todos porque não é verdade.