Sábado

A Nova SBE produziu um estudo, ao que parece financiado pelo BPI e pela “Fundação la Caixa” no âmbito de uma “osical Equity Iniciative” que, curiosamente, é sobre Portugal. Deu-lhe o nome de Portugal, Balanço Social (versão de 2023).

Nesse relatório, a Educação merece uma página e meia, com três parágrafos descritivos e dois quadros de apoio. Um deles é o que incluo em seguida:

Os anos escolhidos permitem fazer uma comparação entre a realidade antes da extensão da escolaridade obrigatória para 12 anos, algo que se reflecte com clareza, comparando 2008 com 2021 ou 2022. A principal evidência é que, em 2021, 34% da população pobre tinha tinha completado pelo menos o Ensino Secundário (34,7% em 2022), enquanto em 2008 essa parcela era de apenas 6,3%. Avançando um pouco mais, em termos de conclusões, parece claro que o aumento da escolaridade não tirou muita gente da pobreza, pois o país não tem um mercado de trabalho que absorva, com condições e salários decentes, uma mão de obra com certificação académica mais elevada (não confundir com “mão de obra qualificada”, como acontece muitas vezes).

O estudo, por seu lado, limita-se a descrever que: “Comparando com os países da UE, Portugal destaca-se pela população adulta pouco qualificada, embora se observe uma melhoria significava desde 2008 (Tabela 11). Não obstante, a população pobre continua a ter níveis de escolaridade mais baixos” – em 2022, apenas 11% dos pobres tinha concluído o ensino superior, o que representa uma significativa melhoria face a 2008, mas uma ligeira descida face a 2021. Entre a população não pobre, 34% dos adultos terminou o ensino superior.”

    .Simples descrição, sem contextualização ou interpretação com algum valor acrescido.

    Extrapolando a minha conclusão: o país tem mais estudos, mas parece não ter a massa crítica indispensável para analisar, identificar e interpretar o sentido dos dados recolhidos. Fazem lembrar aqueles volumosos relatórios sobre a avaliação interna das escolas, cheios de quadros e gráficos, mas zero capacidade de síntese interpretativa.