“Professor, O Que Quer Dizer Com ‘Lado Direito’?”

Confesso que uso esta imagem há algum tempo (é de um manual de 6º ano de HGP, já com uns bons anos), mas só este ano tive direito (literalmente), em todas as turmas que fizeram hoje a ficha de final de período, à pergunta acima. Parece que o facto da imagem estar do lado esquerdo da questão, perturba a percepção da distribuição espacial das “personalidades”.

O outro problema foi a expressão “identifica a personalidade”.

Basicamente, tudo foi um problema, mesmo se imagem e questão estavam numa ficha formativa feita há umas semanas, que levaram corrigida no própria dia, para casa.

Fora o resto que amanhã talvez partilhe.,

26 opiniões sobre ““Professor, O Que Quer Dizer Com ‘Lado Direito’?”

  1. Eheheheh para 6° ano, muito complicada a pergunta e por este andar qualquer dia nem no 12° ano lá chegam.
    No início deste ano letivo, numa pergunta, estava a palavra “agricultura”. Uma miúda pergunta-me o que queria dizer, agricultura.
    Fiquei estupefacto, aquilo não era possível, não poderia estar a acontecer comigo. Mas estava mesmo. Era real. Pedi à turma para colocar o dedo no ar quem quisesse explicar. Ouvi coisas … coisas do outro mundo. Nem um fazia ideia o que era agricultura. Insisti, dei pistas, mas nem um aluno fazia a mais pequena ideia o que significava. O mais próximo disse que era teatro, teatro, da palavra “cultura”.

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    1. Na semana passada, na turma de 12 ano de uma colega, DEPOIS da matéria dada, vários alunos não sabiam o que era a “cortina de ferro” e uma respondeu (era teste) que era porque o país produzia muito ferro. Daí, sim, muitos alunos do 12ano, lamentavelmente, não saberiam responder. E se estão no 12ano assim, isto diz muito daquilo que TODOS andamos a fazer.

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        1. Também já o fiz. Como podem ter alguma qualidade na redação de um texto de opinião, se não têm conhecimentos sobre o que os rodeia?

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        2. É o TPC que mando desde o 7º ano de escolaridade 🙂 com o desagrado de alguns pais :))

          A “correção”? Discutir porque falta água no Algarve; porque inunda Lisboa; porque tremeu a terra na Turquia; porque é que o “medicamento das gémeas” é tão caro; porque são importantes as vacinas; porque é que a “ignorância mata” ; porque não se pode clonar Hitler…

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  2. Boa malha. Eu teria perguntado as medidas da imagem e o lado onde figurava. Para 6º ano já lhes daria água pela barba. A minha dúvida prende-se mais com o facto de ainda haver professores que pensam que é possível vacinar contra a ignorância. Essa das fichas corrigidas é de uma insuperável candura.

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  3. Por acaso tenho refletido bastante sobre isso. Noto, num curto espaço de tempo, uma enorme deficiência vocabular nos alunos (e eu estou no secundário) e de conceitos básicos.

    Tenho uma teoria, que nada tem de diabolização do telemóvel e das redes sociais (que eu também uso), mas com uma constatação: pelo facto de os miúdos, cada vez mais, existirem em circuito fechado – os seus pares, replicados pelo tik tok e instagram – tendem a não ouvir conversas paralelas dos adultos. Daí, não ouvem novo vocabulário. Nós podíamos não usar certo vocabulário, mas conheciamo-lo, de o OUVIR. Mas numa geração que até à mesa usa telemóvel, ouvir é algo bem distinto da realidade do passado.

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  4. A fábrica de cretinos digitais começa a produzir efeitos.

    A Fábrica de Cretinos Digitais de Michel Desmurget :

    Estamos a viver uma situação muitíssimo preocupante. O autor deste livro afirmou, numa entrevista à BBC que se tornou viral, que os nativos digitais são os primeiros filhos a terem um QI inferior ao dos pais. Após milhares de anos de evolução, o ser humano está agora a regredir em termos cognitivos e de capacidades intelectuais — por culpa da exposição excessiva a ecrãs.

    O tempo que as novas gerações passam a interagir com smartphones, tablets, computadores e televisão é elevadíssimo. Aos 2 anos, as crianças dos países ocidentais consagram todos os dias quase três horas a ecrãs. Entre os 8 e os 12 anos, esse tempo aumenta para cerca de quatro horas e quarenta e cinco minutos. Entre os 13 e os 18, a exposição é em média de seis horas e quarenta e cinco minutos diários. Em termos anuais, são cerca de mil horas para um aluno do 1.º ciclo do ensino básico (quase o mesmo número de horas de um ano escolar) e 1700 para um do 2.º ciclo. Já para um aluno do 3.º ciclo e do ensino secundário, falamos de 2400 horas anuais, o equivalente a um ano e meio de trabalho a tempo inteiro.

    Ao contrário do que se pensava, a profusão de ecrãs a que os nossos filhos estão expostos está longe de lhes melhorar as aptidões.
    Na verdade, verifica-se precisamente o oposto: acarreta consequências pesadas ao nível da saúde (obesidade, desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diminuição da esperança de vida), em termos de comportamento (agressividade, depressão, ansiedade) e no campo das capacidades intelectuais (linguagem, concentração e memorização). Tudo isto afeta gravemente o rendimento escolar dos jovens e o seu desenvolvimento.

    Nesta obra tão pertinente como inquietante, que venceu o prémio para melhor ensaio em França, o neurocientista Michel Desmurget traça um cenário doloroso sobre os efeitos que esse consumo em excesso está a ter nos cérebros dos nossos filhos.

    A Fábrica de Cretinos Digitais

    Ponham-nos a Ler!

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    1. Numa escola, um professor referiu-se a este livro e, algumas alunas, divulgaram que o professor lhes tinha chamado “atrasados mentais”, sendo que duas (desse grupo) de alunas eram (e são) filha de uma docente.

      O professor quando soube do boato, confrontou a turma por e-mail e presencialmente, perguntando-lhes se alguma vez @s tinha chamado “atrasados mentais”?

      – Ah, o professor nunca disse isso!

      -Nunca ouvi essa afirmação ao professor!

      Quando a maldade sai pelos poros (e pela língua), o que se pode fazer contra @s maléfic@s?

      A Ciências e as suas evidências, nem sempre são ouvidas, mas a transição digital (com a sua enorme pegada ambiental) é para avançar a toda a luz.

      Pensar, talvez fique para depois, …

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      1. Hoje, num intervalo de 15 minutos:

        A campainha da minha escola.

        Quando toca a campainha da minha escola, já não ouço a campainha da minha escola. 
        Ouço montanhas, ouço rios, ouço vozes que me dizem, não ouças, não vás, mas nao fiques onde estás.
        E não fico e obedeço e persigo o som que me persegue e me chama a cumprir um dever que eu já não quero ouvir porque se apagou a chama.
        E ouço gaivotas que voam por cima e não veem a escola e passam voando sem obedecer ao tempo e eu fico especado, ao sentir as asas dessas gaivotas que voam alto e eu parado, quieto e sonhando. 
        Ouço o meu nome, alguém me chama, porque não vens e eu olhando, longe dali, vendo as montanhas, sentindo os rios, ouvindo as gaivotas, que fazes aqui, ficarás sempre escravo de ti.

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  5. No secundário, se receberem esta ficha, os alunos não farão essas perguntas, mas outras, a que me habituaram: “Que quer dizer com ‘identifica’?” ou “Que quer dizer com ‘explica’?”.

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  6. Tragicamente preocupante. Não é sequer, para mim, motivo de sátira ou brincadeira.

    Nós somos os professores, caramba! Fico com a ideia que anda muita gente esquecida que temos muitas responsabilidades sobre tudo isto.

    O mau ensino e a má aprendizagem não está desligada de nós, bem pelo contrário.

    Esta tragédia dos alunos é a tragédia dos professores. Lamento.

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      1. Caro colega, ainda acredito nisto: “Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos (Pitágoras)”. As crianças, por serem crianças, são vítimas do desmazelo dos adultos da Família, da Escola, da Comunidade. Na escola os adultos são os professores (sem esquecer técnicos e pessoal não docente). Acredito que todos estão a dar o melhor de si mas parece que não está a resultar, certo?

        Se não está a resultar temos de fazer diferente. Todos, todos, todos. Não é o facto de rir das aprendizagens ou falta delas ou das “asneiradas” dos alunos que nos iliba de nada, pelo contrário! A culpa dos “sistema” é também a culpa dos professores!

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  7. Se perguntares quantos vêem o telejornal, como fiz às minhas turmas de 12 ano tinhas um ataque cardíaco.

    Sabem muito de pouca coisa. São muito bons em Matemática, Física e Química e Biologia mas não sabem nada do mundo que os rodeia excepto do influencer do Tik-Tok

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  8. Oitavo ano, texto poético, classificação das estrofes (revisão):

    Como se chama uma estrofe constituída por um verso?

    A muito custo, lá se chegou a monóstico.

    E uma por dois?

    Silêncio de novo.

    Ajuda: é um di…

    De imediato se ouve uma voz: diagnóstico.

    E quando um avançado do 11.° casou Manuel de Sousa Coutinho com a sua filha e decidiu que ambos incendiaram o palácio de Versalhes?

    A propósito de D. Sebastião, “Ó stor, Marrocos é uma ilha, não é?”.

    É só uma amostra do chorrilho.

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  9. O problema é que tu, Paulo, fazes perguntas complexas. Lembro-me de teres colocado uma questão a uma ex-ministra da Educação e ela própria te ter respondido que não sabia nem queria saber.

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