Um Estado De Acelerada Putrefacção

Os episódios do dia de hoje, como alguém, algures, comentou, mais do que a gestão da TAP (e já de si isso seria muito grave) revelam algo de extremamente preocupante sobre o funcionamento do governo que nos desgoverna. Mentir já não passa de semântica e não me venham dizer que @s outr@s fizeram o mesmo. Aldrabão que sucede a aldrabão não tem cem anos de perdão, muito pelo contrário. Assim sendo, fizeram tudo com consciência do estavam fazendo.

Tudo isto é profundamente deprimente, não valendo sequer passar os detalhes em revista ou certas intervenções disfarçadamente relativizadoras da responsabilidade nisto tudo da criatura que passa por ministro (caso de um certo subcoiso de um jornal na TSF… longe do seu paroxismo anti-profes, por causa de alegados fundos de greve). Que exista um guião de perguntas/respostas a seguir numa audição parlamentar – tipo “cartilha” da bola – que corresponde a boa parte das perguntas feitas por um deputado da maioria e das respostas da inquirida ciiou, nessa tal audição, parece passar como coisa periférica a quem tem do jornalismo uma ideia pós-moderna

Mas é mais deprimente quando se pensa que isto é bem provável que seja o modo de funcionamento corrente em outros ministérios, quando é preciso endrominar comissões parlamentares formadas por deputad@s que nada percebem da matéria e ali estão a fazer número ou quando é necessário fazer uma conferência de imprensa para intoxicar a opinião pública, distorcendo ou falseando factos, apostando na complacência e quem vai ali gravar e replicar a “narrativa” de acordo com o que é esperado.

Basta observar o que se tem passado nestes meses de “negociações” e declarações públicas para lamentar, para se ter uma certeza muito razoável de que em outros gabinetes, outr@s adjunt@s ou assessor@s têm papéis parecidos aos deste que agora se vai ou mesmo daquele outro secretário que também se foi. Houvesse a possibilidade de requerer certa documentação “confidencial” e perceber-se-ia que tudo isto resvalou para a choldra, não apenas com a tap.

Se até ao mais alto nível do Estado encontramos malta que andou pelos gabinetes já em idade bem adulta (cf aqui, pp 14-15), o que se pode esperar de quem ainda anda a ganhar balanço para uma carreira? Há trajectos que falam por si (gosto especialmente da fase “investigador da Fundação Rosa Luxemburgo”).

Dir-se-á que o problema de Galamba é de educação. Na verdade é de ambição. Em Dezembro de 2017 o jovem turco socialista admitiu, em entrevista ao Expresso (sem se rir, segundo rezam as crónicas), ambicionar ser “secretário de Estado ou Ministro” num futuro Governo. Talvez resida nessa expectativa a explicação para que Galamba tenha achincalhado publicamente o agora ex-camarada, para gáudio evidente de António Costa. Ao contribuir, com as suas palavras, para a decisão de abandono de Sócrates, Galamba limitou-se a ser Galamba: um homem que conhece “O Príncipe”, de Maquiavel, de fio a pavio, mas que de lealdade e gratidão pouco ou nada parece entender.

Só que eles não são os únicos…

3 opiniões sobre “Um Estado De Acelerada Putrefacção

  1. Pode não ter nada a ver, mas hoje o inclusivo, talvez por lhe estar a cheirar o estertor do polvo de que é um dos tentáculos, veio com um “sentido” relambório a propósito da necessidade do ministro se predispor a negociar a sério com os professores.
    O doutor faz lembrar aqueles moribundos que, na agonia, confessam os pecados mais frescos na memória, ignorando os que já prescreveram na sua consciência.

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