A Bem Das Narrativas Hagiográficas…

… ninguém pode fazer críticas aos que consideramos “nossos”, porque os “nossos” não mentem, não erram, não cometem erros de cálculo, não optam por tiradas demagógicas e alusões truncadas. isso só fazem os “outros” que são os que fazem sempre tudo mal e com má intenção, seres sem carácter, nascidos tinhosos.

Uma das razões para ficar profundamente farto dos períodos pré-eleitorais é a absolura falta de coerência, lucidez e honestidade política de quem só vê o mal no alheio e tudo desculpa aos “seus”. As campanhas eleitorais são períodos para narrativas de tipo hagiográfico sobre os “nossos” candidatos e de demonização sobre os “deles”. Poderia adocicar a coisa, mas a imbecilidade realmente solta-se muito quando a política é encarada como futebol de claque. Em vez de se tentar perceber que muita coisa é encenada, preparada, para enganar a opinião pública por praticamente todos, prefere-se qualificar quem tenta olhar com alguma objectividade para as desnecessidades de uma classe política que faz, sem especial pudor, aquilo que muito critica.

Achem-me uma polític@ que grite contra a demagogia e o populismo e teremos certamente um@ especialista no tema e, quiçá, na prática. Mas o que revela um grau de inanidade política é a recusa em admitir os erros próprios e apontá-los apenas àqueles de quem não se gosta, porque são de “Esquerda” ou “Direita”. Pior, se isso for antecedido de um “Extrema”. Temos esquerdistas a clamar contra a “Extrema Direita” quanto tropeçam na banana que trouxeram para a conversa e conservadores empedernidos a apontar o dedo à “Extrema Esquerda” apenas porque defendem valores que lhes incomodam os tabus.

Dos dois lados, a postura dogmática que.dificulta qualquer diálogo, tanto mais ignorante quanto parecem desconhecer que, fora da “arena”, grande parte dessas figuras maiores convive de forma pacífica, com uma ou outra excepção. Muito se “admirariam” cert@s operacionais das redes sociais, se @s vissem em alegre comunhão de entradas e saídas em restaurantes da moda ou em outros espaços de acesso mais restrito. Estranhariam como a maioria anseia pelos mesmos colégios e carreiras para a sua descendência, longe da maralha. Por férias com destinos cosmopolitas muito parecidos. Como encenam indignações porque um dia escolheram uma carreira por causa da notoriedade que ela traz, do acesso ao poder e oportunidades. Mais ou menos linhagem. Tod@s gozam com os cavacos de boca cheia de bolo, a menos que deles precisem conjunturalmente para se encavalitarem. Mas depois queixam-se quando são gozad@s.

Tenho pena, a sério que tenho pena, de quem opta por ser assim: carne sacrificial para deleite de doutores em spin.

Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?
Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.

Mateus 7:4,5

O Rui Tavares Mostrou, Literalmente, A Pilinha Na SIC

Um tipo que aparentava bom senso, começou a resvalar. Sei que a tentação dos políticos se mostrarem como “cidadãos comuns” e a vontade de aparecer são difíceis de controlar, mas ao menos uma selecção sensata (e woke friendly) das fotos seria de esperar.

É que não havia mesmo nexexidade.

Opções, Embirrações

Não é necessário atravessar fases da vida em que parecemos rodeados de coisas infaustas, em amigos e familiares, para nos apercebermos da fragilidade e transitoriedade das vaidades e tentações humanas. Assim como do facto de muito do que somos ou estamos, ser resultado de opções nossas, nem que seja por apatia, receio de mudança, escolha do mal aparentemente menor. Nunca fui muito dado a desresponsabilizações, sejam as metafísicas (nada como um bom calvinismo, por exemplo, para deixar quase tudo na mão de um determinismo divino), sejam as muito terrenas (aquelas em que a culpa é sempre do “contexto”, da “sociedade”… dos outros, em suma).

Talvez por isso, quando a ampulheta começa a ter mais areia em baixo do que aquela que vislumbro em cima, mesmo com uma lupa simpática, reforço a ideia de que parte do nosso destino se deve a nós e não adianta muito culparmos os outros, se não agirmos de algum modo em defesa dos nossos interesses. Se o mundo parece ser dos chicos-espertos é porque eles foram mais hábeis (ou espertos) do que quem optou por não ser assim. Sendo que, enquanto observo a areia a escorrer dia após dia, aumenta em mim aquela atitude do “se a vida é curta, não me chateiem” em vez do conformista “a vida é curta, não te chateies”. Devemos é ser selectivos – lá está, fazer opções – acerca do que merece que nos chateemos mas, talvez mais importante, de quem ou daquilo que não podemos deixar que interfira negativamente na nossa vida, pessoal ou profissonal.

É por aí que entra a necessidade de não nos lamentarmos do tal chico-espertismo alheio e fazermos algo acerca disso. Nem falo da escala macro, onde seria necessário mesmo muita gente não se acomodar ao conforto dos clubes e bandeirinhas em vez de assumir o incómodo das opções individuais, mas mais daquela escala micro que, entrando agora pela vida profissional e no mundinho escolar, onde cada vez mais se instalam os insidiosos espertismos de quem só por aí parece conseguir alguma compensação para outros inconseguimentos. Aquele mundo de proximidade que devemos “higienizar”, nem que seja por vezes com algum esforço de incómodo de curto prazo, mas que, nem que seja a médio (que o longo não sabemos quão será), traz vantagens que compensam o desinvestimento na inércia, no conformismo, no deixa-estar, no receio paralisante de que mais vale assim do que outro modo.

A saúde mental que vai escasseando nas escolas e de que algumas pessoas falam, nem sempre percebendo do quê ou achando que é com umas meditações manhosas ou fancarias formativas que tudo se resolve, poderia ser bem melhor se desde cedo se definissem fronteiras entre o que é aceitável e não é, entre o que podemos admitir e o que é intolerável, já não digo entre colegas e pares, que nem sempre me caem bem certos “coleguismos” e não é raro preferir as boas imparidades, aquelas em que não aparecem medíocres a quererem defec@r de alto, mas sim entre pessoas que merecem respeito. Significa isto que embirro com alguma facilidade com quem se eleva acima da fraca chinela que consegue ser. Mesmo se a cobre de coloridas purpurinas.

Já sei que há quem ache que por vezes escrevo por enigmas, de forma críptica, havendo mesmo que se apresse a enfiar o barrete, nem sempre de forma injusta. Percebe quem já sentiu coisa parecida, nem que seja em parte; quem não sentiu, ainda bem, a menos que seja quem se acha na tal posição de defec@s sobre o alheio, nem sempre percebendo que é nessa posição que mais facilmente lhes podemos enfiar o belo do pontapé no algo desejado. Que na cabeça, não faria grande diferença, por não ser recurso fundamental para a sua sobrevivência.

Mas, voltando ao início, tudo se resume a uma questão de opção. Por vezes, há quem tenha optado pela falta de carácter, pelo aproveitammento do alheio, assim como há quem tenha optado por viver com isso, nem que seja com aquele argumento pífio da “boa convivência”, tão agradável para quem promove a convivência que lhe convém. Não vale é a pena muitas queixas, se optámos por nos conformarmos com as conveniências alheias.

Rasteiras

Será outra avó?

Descobrimos o senhorio da avó de Mariana Mortágua

É uma IPSS, a fundação Octávio Maria de Oliveira. A avó da bloquista tinha, à data dos factos, 78 anos, muito acima do limite para poder ser despejada. As cartas que recebeu referiam apenas os aumentos previstos na lei. Paga, ainda hoje, uma renda antiga que ronda os 400 euros… na Av. de Roma, em Lisboa.

Um apartamento na Avenida de Roma, uma renda antiga que nunca saiu, até hoje, do regime antigo, uma avó que nunca poderia ser afetada pela lei que a neta critica e uma IPSS que faz ação social no interior e é bem vista pelos seus inquilinos. Estes ingredientes acabaram inesperadamente por chegar aos debates televisivos para as legislativas – mas não com os ingredientes acima descritos, que ficaram de fora.

Ziguezagueando…

… ao sabor da arrogância e incompetência.

Versão anterior fazia instituições temer interferência do Ministério da Educação no processo de indicação dos estudantes. Portaria com as regras para estágios remunerados continua por publicar.