Trabalho Ingrato, Árduo E Deprimente

Detectar todos os dispartes que o Moita de Deus vomita sobre a Educação Pública no programa da RTP3 onde, ao abrigo alegado da “liberdade de expressão”, ele consegue mentir tanto ou mais do que um qualquer MST, sem que seja sequer chamado à atenção, de forma séria, pelo resto do “painel” formado por gente em estados diversos de decrepitude intelectual ou do moderador abetado, é um trabalho hercúleo, até porque acaba por, queiramos ou não, por contagiar da pior maneira quem o faz.

Realmente, afirmar que se é colocado conforme o valor da quota paga ao sindicato, mais do ignorância, é desonestidade assumida, porque ele não é assim tão estúpido. Há muitos anos, já ele sabia que isso não era assim, bem como aquilo dos míticos 12 dias de faltas docentes (ou da “equação” das faltas dos alunos). Mas como deixou de ser confrontado, cara a cara, por quem o meta no lugar, continua em roda livre.

A televisão pública a enlamear-se a si mesma sem dó, nem piedade. Muito pior do que aquilo de que se acusa a CMTV ou as “redes sociais”. Mas parece que assim chama audiências. E a criatura orgulha-se de ser um burgesso beto. Daqueles que critica os funcionários públicos, mas vive dos negócios com os amigos em lugares públicos.

Justiça

Oficiais de Justiça vão recuperar todo o tempo congelado?

(…)

Se bem que os Oficiais de Justiça não têm reivindicado a recuperação do tempo em falta, os professores nunca desistiram de reclamar a recuperação integral do tempo congelado, tanto mais que os professores das regiões autónomas dos Açores e da Madeira recuperaram todo o tempo num processo faseado.

      Assim, face à teimosia e ao esforço dos professores do continente, e apesar da inação dos Oficiais de Justiça, chegamos ao ponto dos dois maiores partidos que concorrem às próximas eleições legislativas prometerem a recuperação de todo o tempo congelado.

Domingo

Pedro Nuno Santos ganhou as “primárias” do PS, como esperado, de forma significativa, mas não esmagadora. Apresentando-se anos a fio como representante da ala esquerda do PS, adepto das alianças à esquerda, agora tenta encenar uma “normalização” que soa a falso. Ao contrário de muita gente, em especial à Direita, estou longe de o achar um “radical”, muito pelo contrário. Até porque no PS o radialismo foi metido na gaveta há décadas. A menos que se chame “radical” a quem saiba aliar de forma moderadamente hábil uma carreira política e sucesso empresarial.

Claro que, mais ou menos remoque, o PS se vai globalmente unir em torno dele, apostando no duscurso da vitimização do quase ex-primeiro Costa, sem a capacidade de admitir que a maioria absoluta começou em desagregação por motivos internos praticamente no dia da vitória eleitoral. Porque há muito negócio por fazer, muita verba europeia por distribuir, e só estão receosos aqueles que pensem estar em risco o seu acesso directo, e escasso escrutínio, à mesa da repartição orçamental.

Em matéria de Educação, PNSantos revelou nada perceber do assunto ao afirmar que o quase ex-bestial ministro era o maior especialista nacional no assunto, logo na altura em que a organização mentora das políticas do PS – e que se apressou a recompensar com generosidade o seu principal enviado entre nós – apresentou os piores resutados de sempre. Por isso temo mais do mesmo ou ainda pior, se avançar uma aliança com os bloquistas anti-exames, bué de inclusivos, mas competamente esquecidos em relação a matérias como a gestão escolar, a municipalização ou a avaliação do desempenho docente. Porque, claro, o seu foco está “nes alunes”, como diria Ramalho Eanes. Os professores são, por definição, uma espe´cie de camariha proto-fascista, a menos que venha para a rua quando lhe mandam, nas datas certas e locais escolhidos.

À Direita, reuna alguma pressa e confusão, propícia a atropelamento inter e intra-partidários. Mantendo-me na área da Educação, o PSD é uma espécie de zero à direita, em muito contaminado pelo maior activismo da IL e do CDS e perfeitamente ambientado a um modelo de organização das escolas e de “descentralização das competências” que validou em seu tempo. Para não falar na sacramental “liberdade de escolha”, que é uma espécie de dogma em algumas tertúlias, por muito que as evidências demonstrem o seu falhaço em sociedades crescentemente desiguais.

Acredito em algumas “inversões” em matérias de costumes, mas a aliança com as “famílias” e muitos poderes locais, limitarão isso à espuma dos dias – leia-se, questões de género e pouco mais – fugindo a qualquer reversão significativa do sucesso a qualquer preço. Duvido que tenham coragem de acabar com estas aferições, cujos resutados talvez cheguem como prenda de Natal, quiça de Ano Novo ou Reis, e recuperar as provas de aferição de 6º ano, começadas em finais do século passado (curiosamente pelo PS.

Mas como o PSD ainda não foi capaz de apresentar uma equipa, nem que seja um pequeno grupo que venha a ser publicamente responsável pelo programa relativo á Educação, o melhor é desconfiar, porque grupos de trabalho há para todos os gostos e seduções.

Quanto ao tempo de serviço a recuperar pelos professores… que agora todos prometem, para ver se temos os profissionais do mesmo ofício com direitos e condições semelhantes aqui e além-mar, noto que cada vez mais há gente que, por não ter passado pelos anos de chumbo de 2005 a 2018 ou só os ter experimentado em parte e/ou a partir de fora, nem sempre compreende até que ponto é uma espécie de ponto de honra, de dignidade profissional ferida, em particular devido a todas as mentiras ditas, escritas, televisionadas a esse respeito.

Seja como for, mesmo que seja tarde, mesmo que muita gente já tenha saído (por idade) ou optado por sair (por decisão pessoal), mesmo que exista quem não compreenda, será sempre aquela questão que está mais profundamente cravada em todos aqueles que nunca abdicaram de a reclamar.

Sim, é uma linha vermelha. Inegociável. Mesmo para um tipo do Sportengue como eu.

Não é uma teimosia ou inflexibilidade sindical. É mesmo algo entranado em cada um@ d@s que não abdica da memória do que passámos, do que sacrificámos, do que suportámos.