Mas Alguém Acredita Em Unicórnios?

Acções da Farfetch abaixo de dois cêntimos. Trabalhadores não perdoam a José Neves

Títulos estão disponíveis no mercado não-regulado desde quarta-feira. Sacrificar os pequenos foi uma opção, alegam trabalhadores. Especialista diz que a comunicação também “falhou redondamente”.

Claro que sim, até porque ainda há dois anos e meio:

Farfetch entre as 100 empresas mais influentes do mundo na lista da Time

Nada como boa imprensa, lá diziam os zeinais. Ainda há quatro meses  Hélder Dias, Chief Product Officer da FARFETCH [dava a] entender como a empresa está a moldar o futuro do ecommerce.

Temos sentido a velocidade das mudanças a acelerar ao longo dos últimos anos (a pandemia foi inclusivamente um catalisador para isso) – e internamente temos mantido um foco grande em manter esse mindset inovador. 

Fez-me lembrar a YDreams

Ainda Sobre As Queixas D@s Director@s

O José Educardo Lemos é defensor deste modelo unipessoal de gestão escolar desde que eu sou contra. Ou vice-versa. Admita-se que ambos somos coerentes há 15 anos. Já agora, seria bom de admitir que a experiência está longe de ser positiva (a esse tema espero voltar com análise mais detalhada) e até estranho que quem se afirma “liberal”, seja favorável a um modelo rígido e fechado. Não me refiro necessariamente ao JEL, que acho mais conservador do que liberal, mas a muita gente que navega pelas pretensamente “novas direitas”.

Quanto ao que o JEL acha mesmo, fica aqui uma passagem esclarecedora do postal de Natal que amistosamente me dedicou e no qual se preocupa mais na defea do modelo do que em contraditar algumas das minhas críticas, bem concretas, demonstráveis e que resultam de uns anos de contacto com as distorções da gestão de várias organizações escolares (ainda são umas dezenas) de modo directo ou indirecto.

É verdade que, como em todas as profissões e cargos, inclusive na docência, na direção das escolas, na coordenação de estruturas educativas, enfim, há (e haverá sempre) indivíduos com poucos escrúpulos e outros que são totós e que dão uma má imagem da função. Ou seja, pessoas que prestam para pouco.Por isso, o problema são estará em quem exerce o cargo, mas no escrutínio e na exigência de quem os designa e de quem dependem.

Apontas sempre para quem está logo acima de ti na hierarquia e não para o alvo verdadeiro.

O que é necessário é lutar e exigir que os Conselhos Gerais tenham mais força e mais latitude de decisão, nomeadamente para demitir @ diret@r a cada final de ano, por justa causa, se não forem cumpridos os objetivos definidos nas cartas de missão (mesmo as copiadas), nos programas eleitorais, nos planos anuais de atividades, etc. E também se estiver a ser o causad@r de mau ambiente escolar e/ou de mau funcionamento dos órgãos e estruturas pedagógicas e/ou de deficiente relacionamento com a comunidade educativa (não apenas a escolar), de que deve estar sempre ao serviço.

Ora bem, embora por um período de tempo limitado (2013-2019), fui PCG e conheço razoavelmente a sua forma de funcionamento e os constrangimentos que sofre, apesar dos poderes que detém e nem sempre lhe são reconhecidos (e exercidos) pelos seus membros.

Mas antes disso, duas notas: em primeiro lugar, como por lá comentei, recuso terminantemente a ideia de “hierarquia” na relação de qualquer director@ comigo, mesmo enquanto professor raso. Mesmo neste modelo, que realmente obedece a uma lógica hierárquica, não me parece que o director seja o meu patrão ou “superior”, mesmo que neste particular eu esteja em choque com o que está na alínea b) do nº 5 do artigo 20º do DL 137/2012. Em segundo, mais em relação ao “alarme” da potencial falta de candidatos a director a breve prazo, isso é contraditado pelas dezenas (centenas?) de forma(n)dos em cursos (mestrado, pós-graduação, especialização) de administração e gestão escolar que por aí têm sido abertos e alguns deles a implicar o investimento de largas centenas ou mesmo milhares de euros. Até porque me parece que se estão disponíveis para tal investimento será porque não pensam perder dinheiro no futuro, antes pelo contrário.

Mas concentremo-nos na questão do papel do Conselho Geral na escolha e fiscalização do desempenho d@s director@s e em tudo aquilo que limita a sua acção. Sim, é bem verdade que o CG pode destituir @ director@, mas para isso é preciso estarem alinhados muitos astros ao mesmo tempo – docentes, não docentes, encarregados de educação, sociedade civil, autarquia e até discentes (quando estão incluídas escolas secundárias). Para além disso, no que ao pessoal docente diz respeito, para além de muitas dificuldades de recrutamento em agrupamentos com menores efectivos (pois só é elegível quem não está no CP ou não é coordenador@ de estabelecimento), existe aquela coisa curiosa de a presidência da SADD ser uma inerência do cargo de director@, assim como a presença como “obervador@” nas reuniões de CG, ao que se junta o detalhe doscritérios em que assenta a distribuição do serviço docente são definidos pelo diretor e visam a gestão eficiente e eficaz dos recursos disponíveis, tanto na adaptação aos fins educativos a que se destinam como na otimização do potencial de formação de cada um dos docentes”.

O que significa que para além d@ director@ ser o avaliador natural de quase todos os elementos do Conselho Pedagógico e dos docentes do 8º escalão para cima (mesmo que @ director@ em causa estej vários escalões abaixo), ainda tem um papel decisivo na distribuição de serviço de todos os docentes da escola. E, de modo diferente ao que acontece na analogia estabelecida entre Governo/Parlamento, @ director@ está presente em todas as reuniões do Conselho Geral.

Se é verdade que o director é hierarquicamente dependente da tutela, podendo ser por ela destituído, assim como pelo Conselho Geral, o que não acontece com, por exemplo, @ presidente do Conselho Geral, em relação à dita tutela, a realidade em muitas organizações escolares é que essa relação é distorcida no funcionamento quotidiano. Aliás, em estudo recente, são os próprios directores a assumir algo desse tipo.

Concluiu-se que os diretores têm opiniões divergentes acerca da sua composição e atribuições {do Conselho Geral], mas concordam, em geral, com a falta de competências para o exercício de alguns dos seus objetivos, assim como apontam dúvidas relativamente à capacidade dos seus elementos para terem uma participação relevante e suficientemente isenta nas suas decisões, podendo ser controlados pelo diretor ou por forças externas.

Na prática, o Conselho Geral é uma Câmara Corporativa, mais do que um Parlamento, não funcionando como órgão coeso, inclusivé nos seus corpos específicos, pois até no caso dos docentes podem existir divergências, em especial quando existem eleitos de listas concorrentes.

Mas reformar a composição e funcionamento do Conselho Geral é insuficiente quando se mantém um modelo único de concentração de poderes d@ director@, que para além desse cargo, preside ao Conselho Pedagógico e à respectiva SADD, ao Conselho Administrativo e ainda “observa” as reuniões do Conselho Geral.

Em 2012, o modelo foi aplaudido por tod@s aquel@s que, perante a possibilidade de mais quatro mandatos (2 concursos mais 2 reconduções), em cima dos que já tinham exercido, se viram na possibilidade de praticamente terminarem a carreira no ccadeirão do poder.

Também não é por acaso que em estudo recente (2022) se constatou que entre @s maiores apoiantes do modelo esteja quem se encontra há mais anos no cargo:

Portanto, podemos dar muitas voltas ao assunto, mas a verdade é que o modelo beneficia imenso uma pessoa e quem dela mais directamente depende, afastando esse núcleo duro do resto do pessoal docente (e não docente) que trabalha diariamente nas escolas e se sente justamente excluído do processo de escolha das lideranças e de tomada de decisões relevantes para o quotidiano escolar. Por isso, a larga maioria de quem é inquirido afirme já ter sido vítima de assédio moral pelas lideranças escolares ou esteja contra o seu método único de escolha.

Não querer ver isto…

3ª Feira

Finalmente, alguém agarra nos resultados das provas de aferição. Neste caso, foi o DN que lhes dedica duas páginas, sem esperar pela narrativa oficial do ME. Quem presta declatrações na peça não pode fugir aos maus resultados e ao atraso da sua divulgação. Há mais de um mês que por aqui fui dando a entender que houve problemas no carregamento/descarga dos dados das/pelas escolas. Para além de não servirem para nada, a pressa na transição digital acabou nisto. Claro que quem avisou a tempo o fez apenas por er má língua, pessimista, velho do Restelo e os qualificativos do costume, quando o que pretendia era salvar as escolas públicas deste previsível embaraço. Já o bestial ministro, foi premiado pela ocde por um longo acumular de disparates.