4ª Feira

É admirável a forma como a comunicação social espera pacientemente pela narrativa oficial do ME sobre os resultados das provas de aferição. Se não existe relatório global, que sentido tem o envio dos resultados locais para as escolas? Já agora, se a transição para o digital visava aligeirar (alegadamente) o trabalhos dos professores e facilitar/acelerar a classificação (ou codificação) das provas, porque está tudo tão atrasado? Afinal, de que servem resultados a chegar quase no Natal e um relatório para o Ano Novo? De que adianta? Até porque dá a entender que será apenas uma manobra de spin e pouco mais, porque há muito se fala nos bastidores do que foi a recolha e tratamento da informação. Por acaso, tudo isto acontece ainda a tempo de se perceber que o “legado” que nos deixa o habilidoso e bestial ministro, que deveria ter a coragem de não se esconder atrás de explicações manhosas, sempre numa atitude de auto-desculpabilização que já merecia que o longuíssimo benefício da dúvida terminasse.

Porque já sabemos que teceu uma rede de contactos pela comunicação social e pelas escolas que, graças às suas capacidades de “sedutor” e ilusionista, conseguiu com falinhas mansas e muita hipocrisia, enganar quem estava disponível para ser enganado. Até compreendo quem tinha ambições de chegar a algum lado com uma atitude de colaboração, mas já me custa entender quem tem por missão informar a opinião pública e não embarcar em cantorias mal amanhadas, na base da soinsice politicamente correcta.

Uma Educação verdadeiramente “inclusiva” e que promova a “equidade” ou “justiça social” não é nada disto. Quem tem de lidar com os problemas reais, no seu dia a a dia, sabe que isto é um engano e um engodo. Que andam a vender ilusões de forma demagógica e que não é “má língua” ou “bota-abaixo” quem tem experiência e lucidez suficiente para ver mais longe do que o seu “quintal” ou “umbigo”. Só que por cá, quem enfia barretes leva muito a mal quem avisou a tempo que o barrete lhes estava a ser enfiado até ao pescoço.

Como podemo acreditar numa “informação de qualidade” que espera o tempo que for preciso pelas narrativas oficiais, sem se afirmar de modo independente? Concorco com o que Bárbara Reis escreveu há um par de semanas… é muito bom desconfiar.

4 opiniões sobre “4ª Feira

  1. «[…]enganar quem estava disponível para ser enganado.»
    E é isto…
    É a isto que me refiro quando digo que faz falta um pouco de liberalismo a este país (também aceito que se traduza o que acabei de dizer atrás por ‘faz falta um pouco de coluna vertebral’).
    Vivemos no país do respeitinho, vivemos demasiado agarrados ao ‘Deus Estado’, demasiado subservientes ao Poder.
    Também é por isso que digo que neste país não há liberais suficientes para que haja liberalismo.

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    1. Exactamente! Entregue-se tudo aos privados, pois a famosa mão invisível tudo resolve e equilibra. E depois de tudo ser privado, todos nós seremos privados de tudo. Et Voila!!!!
      E de caminho, podia-se aprovar uma lei simples de incompatibilidades, estipulando que nenhum detentor de cargo público pode decidir seja o que for, se aí tiver interesses directos ou indirectos.

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  2. Os mantras do ME são linhas de atuação transnacionais para pescar cargos e sacar fundos. Hoje são uns amanhã serão outros sem qualquer visão estratégica ou de futuro. Por osmose chegam às direções e aos diretores que, grosso modo, não fazem puta ideia do que andam a fazer. Atualmente limitam-se a colar com cuspe a digitalização, a inclusão, a avaliação formativa e as filosofias baratas que por aí andam. Diz que as inspeções gostam…

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