Sábado

Claro que há quintais diferentes, com fauna diversa, pelo que não vou dizer que os alunos não estão ansiosos, apáticos, “desfasados no desempenho” (whatever that means) ou preocupados com as provas finais. Acho que depende muito dos contextos sociais e familiares, assim como das idades. No caso da minha limitada observação directa, parecem apenas ter-se acentuado as características pré-existentes: os que eram calados ficaram mais calados; os mais agitados entraram em roda livre. No casos destes, há quem tenha perdido quase por completo a noção das regras de civilidade básica e estão selectivamente surdos a qualquer recomendação ou indicação (cruzes, “ordem”, nem pensar) a esse respeito. A menos que seja acompanhada de um inconsequente aviso cobre as consequências. Porque a maioria já interiorizou que já vale qualquer coisa e que, chegando ao momento da avaliação final, vencerá em quase toda a linha a teoria do “coitadinhismo”, se não chegar a intimidação dos professores mais arcaicos no sentido de demonstrar que “rubricaram” todas as avaliações à moda das abelhas maias e que deram bui da fidebeque sobre as aprendizagens perdidas em combate (ou melhor, desprezadas de forma activa).

Claro que existem excepções. O que seria das regras sem elas?

19 opiniões sobre “Sábado

  1. Esta evidência, perdão, percepção, corresponde também à minha observação directa.
    Faço uma nota: “os professores mais arcaicos” nem sempre são os mais velhos. Há por aí muito colega, que, reunindo condições objectivas para ter um conhecimento de experiência feito de que em tempos idos a escola era (mau-grado o elitismo classista que estrangulava o acesso a ela) uma casa do saber, do saber que se partilha e conquista, esquece isso e agita desavergonhadamente a bandeira listada da abelha MAIA, como se agora é que se fizesse caminho… Não pretendo sugerir que os profs “jovens” é que estão na linha da frente da resistência às políticas costistas (o professorado parece-me estar quase todo na idade do comodismo e do caladismo). O que não consigo perceber, mesmo metendo na equação a síndrome de ninho vazio de muitas colegas e o estou-me-a-cagar-que-o-que-me-interessa-é-futebol de outros tantos colegas, é como é que quem tem um passado, enquanto discente e docente, que lhe permite ver a podridão em que estamos, participa activa ou, cumplicemente, dela.

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  2. É sábado, e eu fartinha de tentar montar um teste arcaico com umas arcaicas perguntas 😦
    Acho que apanhei “desfasamento no desempenho” de algum dos meus alunos 😦
    Devo ligar para a Saúde 24?

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  3. Pois a minha percepção é que, lá na minha loja, cada vez mais, sou aquele tipo que vai em contra-mão na autoestrada. Por mais que me esforce, a minha formatação não me deixa dar meia-volta. E nem consigo sentir-me mal com a situação! Tenho-me cruzado com maias e outras flores selvagens em sentido contrário a alta velocidade que desaparecem mais rápido que um fósforo e não há sinais de qualquer rasto que tenham deixado.

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    1. Vou contar-lhe uma anedota.
      Numa autoestrada segue um indivíduo contra a mão. Avisos de todo o lado, sinais, buzinas e aviso pela rádio: Atenção, atenção! Segue um maluco contra a mao na AXYZ!!
      Resposta do que vai contra a mão: Um maluco? Milhares de malucos!

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  4. Não sei o que é mais essa treta da MAIA, nem quero saber. Tudo o que vem desde governo é lixo tóxico, para destruir a escola pública.

    A única coisa que quero é ir embora no dia 31 de Agosto, mesmo sem salário e sem pensão de reforma!

    Muito provavelmente, recusarão o meu pedido de licença sem vencimento. Nesse caso, usarei a “bomba atómica” contratual!…

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  5. Eu cá resisto
    Querem umas grelhas…pois bem levem as grelhas de acordo com os resultados dos testes.
    Os testes, na minha disciplina, estão para a avaliação como as democracias estão para os regimes políticos. São amb@s más mas não há melhor. Se tivesse 10 alunos por turma ainda poderia pensar em diversificar os instrumentos de avaliação. Nas minhas turmas adopto os testes sumativos, as questões de aula (mini testes), a observação direta dos alunos e mais nada. Da observação direta verifico que, ao longo do ano letivo, em geral, a prestação dos alunos coincide com o resultado do respetivo teste. As fichas de revisão são os meus testes formativos. De resto, tenho de cumprir programas (mesmo com as aprendizagens essenciais), pois no final do 12º ano há exames, que voltaram a contar para a aprovação/não aprovação, com peso de 30%.
    Se não querem testes, então eliminem os exames!

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  6. Quanto aos trabalhos, já desisti, pois impera o copianço! Nos testes elaborados no google forms, “o printscreen by email” impera. Nos trabalhos de grupo, um ou dois trabalham, os restantes passeiam pela sala de aula.
    Assim vão fazer a maior parte dos colegas da minha disciplina, A testagem servirá de base, as grelhas e os grelhados adaptam-se. Depois lá vêm as bonificações e os ajustamentos de acordo com o empenho do aluno.
    É a chamada resistência passiva! Daqui a três anos passa a loucura…

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  7. Assim vão fazer a maior parte dos colegas da minha disciplina, A testagem servirá de base, as grelhas e os grelhados adaptam-se. Depois lá vêm as bonificações e os ajustamentos de acordo com o empenho do aluno. É a chamada resistência passiva! Daqui a três anos passa a loucura…

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  8. Resistência Pacífica.

    “_O senhor afaste-se de mim! É um alcoólico, anda para aí aos tombos, não tem vergonha? Afaste-se!
    _Sim, minha senhora, eu afasto e olhe que a bebedeira passa, mas a senhora é tão feia…e isso…iiihp… não tem cura!”

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