Duplo Padrão

Uma encarregada de educação pediu à IGEC, que remeteu à DGEstE do Norte, um pedido de parecer sobre o funcionamento de um ATL pago no interior de uma escola pública.

Corria o mês de Maio de 2023.

Exmos Senhores,


Sou a pedir um parecer, acerca da legalidade desta proposta de ATL numa Escola Pública. Não deve ser possível explicar sob o ponto de vista ético. Além de me incomodar, por princípio, um serviço pago para alunos de um Agrupamento Território Educativo de Intervenção Prioritário, gostaria de saber quais as contrapartidas e, se este assunto foi aprovado pelo Conselho Geral deste Agrupamento. 

A questão coloco às várias entidades às quais destino este email.

Obrigada

Anexo informação

Ao contrário de comunicações com queixas, em regra muito pouco fundadas, sobre docentes, esta levava anexada documentação comprovativa que pude consultar. Também ao contrário de tudo o que possa surgir contra qualquer docente, neste caso consideraram que não se vem esclarecimentos a pedido de “particulares”.

Anote-se ainda que, pelo meio, há a acima referida comunicação da IGEC dando conhecimento que o assunto é – de acordo com a legislação – competência da DGEstE.

Ao que consta, o dito ATL continua a funcionar e florescer, aguardando eu a recepção de novos elementos sobre esta situação curiosa. Embora mais comum do que se possa pensar, de uso comercial de instalações públicas.

A Sério?

Querem-me fazer acreditar que dezenas de milhar de pessoas se baralharam no seu voto entre duas opções com nomes diferentes e símbolos bem distintos, sendo que no caso da AD vão os dos três partidos coligados? E dizem que foram pessoas mais “velhinhas” que se confundiram? Mas não deveriam ser essas a conhecer melhor os “velhos” partidos, até porque a AD não é propriamente uma novidade?

Não me digam que é como antigamente com os símbolos do PCP e do PCTP/MRPP, mesmo quando aquele concorria com os símbolos da FEPU ou APU?

O analfabetismo funcional chegou a tal ponto?

Secção De Dúvidas

Recebi um documento de uma escola no qual se pretende fundamentar uma alteração de matriz horária (aumentando o número de tempos da parte da manhã) com “fundamentos” que me deixam um pouco baralhado. Até porque se pode ler, logo no arranque, que é uma “proposta unanime” [sic] de um departamento, que se deduz não ser de Línguas.

Vou começar pelo primeiro “fundamento”, que consta assim:

1 – Os alunos têm melhor comportamento e rendimento escolar, no período da manhã em comparação com os tempos da tarde.

E pergunta uma pessoa que até conheço bem… mas há algum estudo que tenha demonstrado esse facto ou tudo se baseia em “achismo”? Por exemplo, verificou-se a existência de mais participações de natureza disciplinar na parte da tarde? Terá esta escola alguma forma de verificar – quiçá um registo digital – a distribuição horária das ocorrências disciplinares? Quanto ao rendimento, foi apurada alguma média de resultados que fundamente a assertiva afirmação acima transcrita?

Passemos ao segundo “fundamento”:

2 – Redução do tempo obrigatório passado pelos alunos na escola, aumentando o interesse pela instituição ESCOLA.

Uóte? Mas se a carga horária obrigatória é… “obrigatória”… sem se reduzir o número de aulas, como é que se reduz o “tempo obrigatório”? Pelo que percebi, uma manhã em que os alunos estariam 5 tempos na escola, durante menos de 5 horas (das do relógio, contando os intervalos) passa a ter 6 tempos, com a duração total de 5 horas e 40 minutos.

Em que parte é que isto é benéfico para o “rendimento”? Em especial nos tempos terminais da manhã, que já é tarde bem entrada?

Até porque com aulas de 50 minutos, a regulamentação em vigor determina que os alunos só devem ter 5 tempos consecutivos (6 apenas se as aulas forem de 45 minutos).

E já agora… como é isto leva ao aumento do “interesse pela instituição ESCOLA”?

Repare-se que este é o segundo ponto (de seis) e dá logo um salto quântico na lógica do tubérculo, sem que se perceba de que parte caiu esta consequência ou equivalência “menos tempo na escola” = “mais interesse pela instituição”.

Será alguma lei de mercado que ficou nos apontamentos não publicados sobre Educação do Adam Smith?

Balançando – Segundas Impressões

Vencedores existem apenas dois: Ventura e Tavares. O resto é spin em forma de pretensa informação ou “análise”.

Montenegro ganhou por muito pouco e a AD não acrescentou nada de relevante ao PSD, apenas lhe tirando alguns deputados para fazer o CDS retornar à vida parlamentar. Lembremo-nos que em 2015 Passos Coelho ganhou por muito mais, depois de quase cinco anos de chumbo. E não vale a pena falarem da ADN; se só deram por isso no próprio dia das eleições, é vossa a incompetência. A “vitória” é de Pirro, pois a qualquer momento, um governo seu em aliança com os “liberais” cairá perante a união das “esquerdas”.

O PS perdeu e não adianta dizer que perdeu por pouco, porque se foram quase 40 deputados. Se Montenegro não parece talhado para primeiro-ministro, o camarada Pedro Nuno parece talhado para pouco mais do que presidente de uma associação de estudantes ou de uma jota; disse tudo e o seu contrário e talvez seja mesmo em oposição que aprenda qualquer coisa mais do que demonstrou desde que subiu a ministro, demasiado depressa, com responsabilidades em matérias muito sensíveis.

O PCP perdeu porque parece ter optado pela auto-extinção, pelo suicídio político. Pelo cinzentismo do mais cinzento possível. Parece satisfazer-se com um acantonamento, em forma de seita, incapaz de entender o mundo em volta, enquanto o eleitorado se esvai e não é apenas por razões etárias. A incapacidade de se apresentar como um depositário fiável de um voto de protesto à esquerda, depois de seis anos a fazer de amparo a um PS, progressivamente centrista desde 2015, deu em mais um partido que pode levar todo o grupo parlamentar num táxi.

Bloco, IL e PAN limitaram-se a não perder. O que é pouco, porque o contexto era favorável a uns (Bloco), que podiam capitalizar com a desafeição com o PS e outros, porque podiam ir numa onda da “direita”, que foi engolida completamente pelo Chega. Mortágua perdeu-se em desnecessários meandros familiares e Rocha esbarrou na inconsequência de querer ser apenas uma muleta da AD. Já Inês Sousa Real conseguiu fazer pela sua vidinha e pouco mais. Com a desagregação de parte do centro político, também não soube encontrar um registo além dos chavões requentados.

Há quem queira acrescentar Marcelo Rebelo de Sousa aos perdedores, o que é compreensível, mas apenas se esquecermos que foi António Costa que se demitiu, num peculiar arrobo de indignação. E culpa-se ainda o Ministério Público, como se fosse alguém do MP que tivesse escolhido o tal Escaria para chefe de gabinete ou aquele Galamba para governante. O atirar das culpas, em especial pelo PS e alguns satélites, para Belém e para o MP, não passa de uma forma de desculpabilizar o ainda primeiro ministro e o apodrecimento acelerado do seu governo de maioria absoluta.

O crescimento exponencial do Chega não se explica por ter havido eleições, mas pelas razões que levaram a que existissem eleições. Se não querem perceber isso, é porque não querem perceber o que nos cerca há décadas: um regime de rotativismo, mais ou menos alargado, em que muitos se servem em nome do “povo”, menos quando esse “povo” escapa ao seu controlo. O Chega é populista e demagógico? Sim e ganhou muito ao ser escolhido por António Costa, Augusto Santos Silva e outr@s como principal adversário, quando o que deveria ser combatido era a degenerescência das práticas políticas. O Chega foi engordado pela acção de PS e PSD e pela inépcia e inconsequência das muletas “esquerdistas” da geringonça.

Criaram a coisa, agora… aturem-nos. O problema é que também nós (menos 18%) também teremos de o fazer.

2ª Feira

Falhei na parte final, porque o PAN sempre teve uma deputada. Quanto ao resto, no essencial, escreveria o mesmo às 23 horas que escrevi pelas 15, apenas carregando mais na parte do Chega.

Desta vez,alguém me triturou a prosa com o AO.A ver se não se repete, que não gosto de ver escrito “ato”.

Começo a escrever esta crónica depois de almoçar e votar, a quatro horas do encerramento das urnas (no Continente e Madeira, que os Açores nunca acertam o fuso horário), mas penso já ser possível fazer o rescaldo da noite eleitoral, não com recurso a qualquer Inteligência Artificial, mas apenas à experiência pessoal, pois, mesmo sendo petiz que apenas acompanhava os pais no ato, lembro-me de todas as eleições em democracia.