O Primeiro Teste Para Todos

Não apenas para quem governar, mas também para quem, em campanha, prometeu muita coisa, mas agora pode optar por dizer que, afinal, não é bem assim, pois a táctica política é que manda.

Repare-se que já existem aqui umas quantas reservas…

Pinto Luz sobre rectificativo para professores: “Só saberemos depois de chegar ao governo”

Em entrevista ao PÚBLICO-Renascença, o vice-presidente do PSD não afasta que o diploma para devolução do tempo de serviço congelado aos professores possa ser apresentado na Assembleia da República antes do Orçamento do Estado para 2025. Não explica, porém, se será necessário fazer um Orçamento Rectificativo para acomodar mais despesa, lembrando que o PS tem dificultado sempre a informação sobre as contas públicas.

Outra medida importante para o PSD é a recuperação do tempo de serviço dos professores. Será possível fazer isso este ano sem um Orçamento Rectificativo?
Do ponto de vista teórico, sim. A questão é se existe uma alteração ou não do volume total do orçamento.

A recuperação do tempo de serviço dos professores faz parte das medidas prioritárias para acontecer logo nos primeiros meses?
A prioridade é saúde. Mas são todas prioritárias no sentido em que o país não está bem. Luís Montenegro disse que mal tomasse posse iria começar a falar com os sectores da sociedade que se sentem injustiçados. Não falou só dos professores, falou das carreiras na saúde, falou dos polícias. Uma prioridade para sarar as feridas deste país que está tão zangado e muitas vezes legitimamente é falar com os vários sectores. O estado social não existe de forma etérea. Existe porque existem médicos, enfermeiros, professores, oficiais de justiça, procuradores do Ministério Público. Se essas pessoas não estão motivadas, bem remuneradas, se não sentem justiça na forma como são tratadas, não existe estado social. Ele colapsa.

Abstracto E Concreto

Antes, depois de um longo atraso educacional e de um resistente analfabetismo, ensinava-se a ler e escrever para que as pessoas pudessem, pelo menos, cumprir algumas funções básicas da sua vida, como escrever uma carta, assinar documentos, perceber instruções. Partia-se da “mecânica” algo abstracta da leitura para a sua aplicação concreta. Agora, numa proporção muito superior à que seria desejável, ensina-se a leitura “funcional”, no “concreto”, para satisfazer as tais funções, mas a maior parte continua numa situação de analfabestismo funcional, quando se pretende ir um pouco mais além na exigência.

Basta ver a dificuldade em perceber algo mais do que a frase simples, a explicação simplista, a mensagem reduzida ao “essencial”. Não é de agora que a massificação levou a Educação a quem lhe escapava, mas o pior é quem lhe dá pouco valor ou a quem ela parece não interessar. O problema não é isso acontecer, porque é natural, mas sim o facto de se andar a moldar o currículo, os programas e os conteúdos, em especial numa crescente fatia do ensino público, na base do mínimo denominador comum, no que pode ter interesse no “concreto”, que reflecte a realidade “local”, em vez de dar os meios para ir mais além, ver mais longe. Esta rendição, que assume que a “Educação para Todos” só pode existir se for na versão minguada é uma triste regressão, porque representa a desistência do papel de “elevador” cultural e não apenas social da Educação.

Mais do que uma ferramenta de sentido vertical, ascensional, a “Educação para Todos” tornou-se mais uma forma de transporte, horizontal, desde a primeira infância até à maioridade e à entrada no mercado de trabalho, para cada vez mais crianças e jovens em trânsito, por entre cliques e likes, em ambientes que privilegiam a replicação e tratam como “criação” o que é apenas imitação.

Ler, por sugestão do Vítor Teodoro:

END THE PHONE-BASED CHILDHOOD NOW

The environment in which kids grow up today is hostile to human development.

Total Solidariedade

Com a greve dos jornalistas, daqueles que fazem os jornais e a informação que desde novo admirei. Não os confundo com alguns mandantes ou cert@s “senador@s” que se ergueram ao estatuto de mandar ou apenas emitir opiniões, escudando-se nisso para multiplicar preconceitos. Nem confundo jornalismo com aquela outra coisa que alguns encaram como a etapa necessária para assegurar outros empreendimentos.