Dois “Tipos” Que Certamente Conhecem

Um é o daquelas pessoas que não estão propriamente preocupadas com a porcaria que fazem, mas com o facto de ela ser publicitada, mesmo se a documentação usada para isso é de natureza pública. E com a “traição” imensa de quem a fez circular.

O outro é o daqueloutras pessoas que são muito, muito, mas mesmo muito contra a add, mas é só receberem a nomeação para avaliador@s extern@s e nunca mais as deixamos de ouvir, naquele tom de sapiência profunda de quem nem consegue fazer passar uma palhinha pelo dito cujo.

Chega, Costa!

Olha-me pró sinal, pá! Paris é por ali…

Adenda: e o homem não “deslarga”, nem tem vergonha naquela cara de sonso:

O ministro da Educação cessante, João Costa, admitiu hoje que “há pontos convergentes” entre os programas eleitorais do PS e da Aliança Democrática (AD) e que um dos possíveis entendimentos poderá passar pela recuperação do tempo de serviço dos professores.

Em declarações aos jornalistas à margem da cerimónia de apresentação da nova campanha “Portugal Chama 2024-2026”, João Costa, que falou enquantou militante socialista, afirmou que “há pontos convergentes entre os programas da AD e do PS”, considerando ser “possível entendimentos e momentos de acordo” na legislatura que se segue.

Secção De Dúvidas – 2

Há propostas que ganhariam muito em serem claras e fundamentadas na sua formulação e, já que são “unanimes”, que sejam revistas antes de serem apresentadas, pois corre-se o risco de se andar a debater assuntos em cima de enunciações sem demonstração empírica. Há alguns dias já apresentei os dois primeiros pontos de uma proposta de reorganização da matriz curricular que parece ter sido escrita com alguma pressa e muito “achismo” pelo meio, independentemente da ideia base ser mais ou menos positiva.

Só que, ao ler-se aquilo, confesso que esbarro com alguma “densidade sintática” (em especial no ponto 5, algo impermeável, quero dizer, impenetrável), inveramente proporcional à densidade substantiva. Passo aos pontos 5 e 6 porque os pontos 3 e 4 merecem análise isolada.

5 – Foi demonstrado por muitos encarregados de educação a preocupação, em os alunos terem em geral 3 tardes ocupadas, e limitar o estudo autónomo e responsável feito em casa.
6 – Num âmbito mais organizativo, mas igualmente benéfico está a melhoria da reorganização curricular, permitindo que as disciplinas com carga horária de dois tempos por semana, consigam abranger um maior número de turmas por manhã sem necessidade de dividir os blocos de 2 tempos em dias diferentes, fator igualmente negativo já verificado por alunos e professores.

Antes de mais, nesta proposta apresentam-se alguns dados que comprovem o “foi demonstrado por muitos encarregados de educação”? Onde se pode isso encontrar, quantos foram e em que termos? E terão sido “estimulados” a tomar essa posição ou lembraram-se de repente? É que me dizem que praticamente nenhum@ director@ de turma ouviu isso nas reuniões realizadas.

Consta mesmo que existem queixas recorrentes (casas de banho, refeições, comportamentos), mas esta das tardes ocupadas limitaresm “o estudo autónomo e responsável feito em casa” é uma espécie de miragem que pouc@s terão ouvido. Aliás, o que é comum é ouvir queixas no sentido contrário, do trabalho ser feito prioritariamente na escola, até tendo em conta as circunstâncias de disponibilidade de tempo das famílias de muit@s alun@s. Outra coisa, serão as conversas com responsáveis por negócios de ATL.

Já o ponto 6, mais do que impenetrável é um exercício que ganharia com a demonstração do que baseia a afirmação relativa ao “fator negativo já verificado por alunos e professores”. Onde? Como? quem? Em que termos? Há alguma documentação que demonstre isso? Foi feito algum inquérito a “alunos e professores” sobre tal matéria”? Ou é apenas porque dá um certo jeito a quem propõe e não terá, por diversas razões, de ter turmas durante seis tempos lectivos de 50 minutos em sala de aula?

Já agora… o que é determinado no Despacho Normativo n.º 10-B/2018 (anterior à pandemia, mas ainda em vigor, retomando o que já antes existia) é que deve existir a “distribuição dos tempos letivos, assegurando a concentração máxima das atividades da turma num só turno do dia;” (artigo 13.º, n.º 1 alínea b) não referindo qual o turno, se da manhã ou de tarde, até porque a necessidade de usar racionalmente os espaços desaconcelha a concentração de um grande número de turmas no mesmo turno e recomenda a sua distribuição pelos dois turnos.

Já que gosto de embirrar com ele de vez em quando, vou aqui recorrer aos critérios gerais para a elaboração de horários na Secundária Eça de Queirós, da Póvoa do Varzim, do anterior presidente do Conselho de Escolas, José Eduardo Lemos:

16. Nenhuma turma poderá ter mais do que 5 tempos letivos consecutivos nem menos de dois tempos em cada turno;

Passemos ao caso do Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro, dirigido pelo actual presidente do Conselho de Escolas, no qual os alunos, no turno da manhã, permanecem menos de 5 horas.

8. O início das aulas de todas as turmas dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário, incluindo os cursos profissionais será às 08h30m. A conclusão do período da manhã depende da distribuição da carga horária e da gestão dos almoços na cantina. Será possível terminar o turno da manhã às 11h45, às 12h40 e as 13h25.

Ao contrário de quem funciona na base dos “arredores”, a verdade é que em escolas onde se privilegiam os critérios pedagógicos e de rendimento, não se exige aos alunos que fiquem quase seis horas seguidas com aulas e sejam obrigados a tomar o pequeno almoço pelas 7.30 (ou antes) e a almoçarem quase a cair nas 14 horas. Haverá algum@ alun@ que dê algum rendimento que se veja depois de mais de 5 horas consecutivas em aulas? Se perto das 13.00 já estão perdidos de fome e cansaço, mesmo se entrarem pelas 8.30, o que dizer depois das 13.30 para quem entrou às 8.00?

Ahhh e tal… mas afinal, os alunos podem ter apenas 5 horas e entrar mais tarde ou sair mais cedo do que os pontos terminais da “matriz”?

Mas então, sendo assim, para quê este tipo de “argumentação”?

É só porque “toda a gente faz assim”?

Será mesmo toda? E será que é quem faz bem?

E será que os alunos têm mesmo interesse em gramar com seis aulas seguidas de 50 minutos?

Já agora… pessoalmente, eu sou daqueles que, tendo apenas dois tempos semanais da minha disciplina, os gostaria de ter divididos por dias diferentes, para não ver os alunos apenas uma vez por semana.

É que o pessoal de História/HGP não tem “desdobramentos” e tem de levar mesmo com as turmas inteiras na sala de aula, ali em quatro paredes, a tentar trabalhar quando a barriga ronca (discentes) e a energia se esvai (docentes). E então turminhas com 28 ou mesmo 30 alunos não dá para os mandar dar uma volta ao quintal para se cansarem e irem falar lá longe. Rendimento em 50+50 minutos em disciplinas teóricas? Só para rir… Tanto tempo a criticarem-se os 90 e agora…

Mas, claro, são gostos… embora eu prefir os que se baseiam em algumas “evidências”.

O Sonso Ministro É Muito Sensível

Já deixar circular informação falsa (e não apenas sobre políticas a a sua fundamentação factual, mas para desacreditar alguns críticos) pelos mentideros é algo altamente “digno”.

O ministro da Educação afirmou temer o “pior” com o crescimento bancada parlamentar do Chega nestas eleições, cujo comportamento “não dignifica” a Assembleia da República. João Costa diz ter presenciado, durante os últimos dois anos, atitudes “indignas” e comentários “misóginos” dos deputados do partido.

Arre, que o homem não desabelha.

E nem tem um pingo de auto-crítica em relação à sua responsabilidade na promoição da ignorância no eleitorado mais jovem, aquele que fez boa parre da sua escolaridade neste reino da parlapatice.

(desculpem… só agora percebi que não era uma foto do shôr que ainda é ministro)

4ª Feira

Acho sublime que se considere “produtor@ de conteúdos” a qualquer petiz@ que se meta à frente de uma câmara a fazer uns trejeitos, mas que não consegue consultar um livro (ou mesmo um site”) e “produzir” um texto com 20 palavras com menos de 5 erros ortográficos. Em tempos analógicos, quando se faziam trabalhos manuscritos, após consulta de livros na biblioteca escolar, parece que ninguém “produzia conteúdos”.