Afinal…

… muita gente se enganou e é uma das surpresas do dia, o novo ministro da Educação. O perfil não seria o mais esperado (eu estava à espera de uma mulher e não necessariamente do PSD), porque é alguém mais ligado à Economia. Curiosamente, já esteve num cargo executivo, em área fora da sua especialidade mais evidente. Sobre Educação, escreveu alguma coisa, mas parece mais preocupado com as questões econométricas.

Especificamente sobre os professores, tem um texto interessante, embora em acesso restrito.

Afinal, a Escola ainda é um lugar de esperança

João Costa está no ME há 7 anos mas, como noutros problemas estruturais, parece mais ocupado com ideologia do que com soluções para melhorar a vida dos professores e o funcionamento da escola pública.

Quanto ao Homem, como sempre escrevi, poderia ser “previsível”, mas não me parecia ser provável. Chegar a SE já me parece voo mais do que suficiente. E não fica tão perto do Sol e da luz.

Fica aqui a composição completa do Governo.

33 opiniões sobre “Afinal…

  1. Não percebo o optimismo, esta criatura só fala em chavões dessa ciência oculta (economia): mercados, competitividade, empreendorismo, etc. É um neo-liberal dos quatro costados que manda postas de pescada nas agremiações de extrema-direita como o Beobachter e o Eco, ficava bem era no ajuntamento dos maluquinhos da IL e só se vai preocupar com o Ensino Superior. Para os zecos vamos ter o fanático imbecil e imberbe a mandar a sério (assim como o Costa mandava no Tiago). O menino Betinho só não é ministro porque no PSD é preciso fazer o tirocínio primeiro, basta ver a lista dos outros ministros, tudo cromos recauchutados.

    Liked by 1 person

    1. Não faço a menor ideia, porque não conheço o dito de lado nenhum. Não tenho nem boas nem más expectativas: nenhumas!…

      Ser economista pode permitir-lhe compreender que com o actual sistema educativo, o futuro económico de Portugal será aproximar-se cada vez mais da Albânia e, depois, do Burkina Faso!…

      Culturalmente, o futuro, cada vez mais presente, é o da favela brasílica, bem abaixo dos musseques de Luanda!… É este o caminho tuga!…

      Gostar

  2. Não me parece haver razões para optimismo. Economista, monetarista, neoliberal, o discurso habitual da dificuldade, austeridade, moderação, completamente fora do ensino básico e secundário. Mas também, já tivemos especialistas da educação e sabemos o que isso significa…

    Gostar

  3. Ora bem, junta-se o básico e o secundário ao superior num só ministério e, depois, cria-se um para a modernização e juventude. Sim, senhor, bem pensado!

    Depois vai buscar-se um sujeito que é da economia, o que pode significar que estará lá para cortar nos dinheiros, ou seja, sobrará para as escolas públicas. Contratos, associa, cheque-ensino… Here we go?

    Gostar

  4. Existem no planeta 7 mil milhões de seres humanos. Qualquer um (repito: qualquer um) que não seja a Maria Porca Rodrigues merece o benefício da dúvida. Vamos falar mal do homem quando fizer asneiras. Antes disso acontecer, não é intelectualmente honesto fazê-lo.

    Liked by 1 person

    1. Depois das asneiras feitas, falar mal ou bem para quê? As asneiras evitam,se e por isso estamos cá todos unidos em defesa dos professores, dos alunos, dos funcionários e da escola pública. E é bom qye saiba que não andamos a dormir.

      Gostar

  5. Este não é o Tiago nulo do PSD. Este aceitou porque tem outras perspectivas para o futuro em termos políticos. Este pensa e vai agir por si, dentro do seu espartilho ideológico, claro. Mas não vai ser nulo.

    Gostar

  6. As medidas importantes na Educação:

    – resolver a carreira dos professores;

    – promover a autonomia profissional dos professores (basta terminar com certas “sujestões” de projetos e imposições de sucesso escolar artificial);

    – melhorar os currículos (articulação horizontal dos programas, em vez de serem os professores a forçarem as articulações);

    – consolidar e fiabilizar a avaliação externa, com implicações na avaliação sumativa (como meio de manter um nível de exigência e diminuir o fosso entre escolas estatais e particulares);

    – rever a avaliação externa digital (adotando-a, eventualmente, apenas em anos de escolaridade e disciplinas adequados);

    – manter o calendário escolar apenas no regime trimestral (permitindo mais momentos de feedback relevante e de recuperação, e retirando pausas letivas desiquilibradas para os alunos);

    Se o novo Ministério (e os diretores escolares) assim agir(em), não há que ter preconceitos ideológicos…

    Liked by 1 person

  7. Já tivemos as Finanças na pasta da Educação. Agora temos a Economia na pasta da Educação.

    Qualquer dia teremos a Educação na pasta da Agricultura. Ou então extingue-se.

    O Xavier Milei aboliu vários ministérios, entre eles o da Educação.

    Gostar

    1. Aprendi com o Primo Levi que loucos e ditadores sempre houve e vai continuar a haver. Mas o perigo não são eles. O perigo está nos funcionários que os sustentam e em todos os outros seguidores. Milei é um louco. O nosso Ventura na América latina, seria outro Milei. Como está na europa, é um pouco mais difícil.

      Gostar

  8. Deixo abaixo o artigo de Fernando Alexandre:

    Afinal, a Escola ainda é um lugar de esperança

    João Costa está no ME há 7 anos mas, como noutros problemas estruturais, parece mais ocupado com ideologia do que com soluções para melhorar a vida dos professores e o funcionamento da escola pública.

    O que mais me tem impressionado nas manifestações dos professores é a capacidade de mobilização e a diversidade dos participantes. Para além dos professores em situação precária, que são quem tem mais capital, vemos também muitos professores em final de carreira, que já não têm muito a ganhar com estas greves. O caderno de reivindicações é muito vasto: a contagem do tempo de serviço para a progressão na carreira, as quotas para a progressão para os escalões 5º e 7º, as condições para a entrada na carreira, as regras de colocação. Mas ouvimos também queixas sobre a qualidade do ensino e as dificuldades com que os professores se debatem no dia-a-dia. E nas manifestações à porta das escolas vemos também pais e alunos.

    Ou seja, esta manifestação e vaga de greves dos professores é muito mais abrangente e ambiciosa do que as anteriores, que tinham o rosto esgotado de Mário Nogueira da FENPROF. Esse facto por si só gera simpatia por este novo movimento, alargando a sua abrangência. Os professores conseguiram mobilizar-se e libertaram-se dos seus representantes anacrónicos.

    Uma parte do mal-estar dos professores é comum a uma parte significativa da população, que desde meados da década de 1990 viu as suas ambições frustradas: carreiras e salários congelados durante muitos anos para uns; precariedade e falta de perspetivas para muitos outros que veem aproximar-se a idade da reforma e que durante a qual terão dificuldade em garantir uma pensão que lhes permita assegurar boas condições de vida.

    No pós-25 de abril, a educação foi a grande esperança para transformar Portugal e para aproximar o seu nível de vida do dos países mais desenvolvidos. Esperava-se também que o acesso universal à educação gerasse a mais consensual das formas de justiça: a igualdade de oportunidades.

    Durante muitos anos houve dúvidas sobre o retorno do elevado investimento do país em educação. No entanto, na última década os resultados foram-se tornando mais visíveis, quer em termos quantitativos quer em termos qualitativos. A escolaridade da população aumentou de forma extraordinária. Entre 1981 e 2021, a população com o ensino secundário ou superior aumentou de 7% para 45% (Censos, INE). Também em relação à qualidade do ensino há sinais positivos. Por exemplo, nos exames PISA – Programme for International Student Assessment da OCDE, em 2015 e 2018, os resultados dos estudantes portugueses na leitura, na matemática e nas ciências alcançaram os valores médios da OCDE. Embora os resultados destes exames mostrem também a persistência de profundas desigualdades entre os estudantes das classes socioeconómicas mais favorecidas e desfavorecidas, os resultados positivos alcançados pelo sistema educativo são inegáveis. Estes não teriam sido possíveis sem o trabalho e dedicação dos professores.

    Na década de 1980, a carreira de professor, à semelhança da generalidade das carreiras do Estado, era bastante atrativa. Não só a profissão era prestigiada, como a evolução dos salários e as carreiras eram muito favoráveis quando comparada com a do setor privado. Estas condições, associadas à expansão do ensino superior, resultaram num enorme aumento da oferta de professores durante a década de 1990. Este excesso de oferta e a vontade dos professores em integrarem a carreira foi explorado pelo Estado. O resultado foi uma deterioração da sua remuneração e das condições de trabalho, gerando-se um progressivo e marcado afastamento em relação aos professores de carreira. Muitos professores submeteram-se a essa exploração pelo Estado, aceitando deslocar-se durante anos, ou durante um mesmo ano, de escola em escola a dezenas ou centenas de quilómetros do seu local de residência. Muitas vezes para ficarem com um horário incompleto, a ganhar uma miséria, sendo obrigados a suportar os custos das viagens e do alojamento. Era interessante saber quantos professores, que persistiram durante anos ou décadas no objetivo de entrar na carreira docente, têm filhos e/ou uma vida familiar estável.

    Com a pandemia e o recurso ao teletrabalho, o Governo rapidamente legislou no sentido de imputar às empresas custos adicionais dos trabalhadores resultantes desse regime de trabalho. Como acontece em muitas outras situações, o Estado português impõe às empresas e aos cidadãos condições que ele próprio não respeita.

    No entanto, nos últimos anos a relação de forças entre o Estado e os professores tem-se vindo a alterar drasticamente. Dezenas de milhares de alunos continuam sem aulas durante meses por não haver professores disponíveis. A degradação da carreira de professor afastou os estudantes universitários da docência.  O corpo docente tem envelhecido de forma acelerada e prevê-se que nos próximos cinco anos 20% dos atuais professores se reformem, uma percentagem que aumenta para mais de 50% num horizonte de 10 anos.

    Nada disto é novo para o ministro da Educação. João Costa está no ministério há 7 (sete) anos. No entanto, como acontece com muitos outros problemas estruturais do país, João Costa anda mais ocupado com questões ideológicas do que a procurar soluções para melhorar a vida dos professores e o funcionamento da escola pública. É também possível que o ministro da educação tenha acreditado que os professores, que já vivem há tantos anos nesta condição, aceitassem viver mal mais uns anos. Mas os professores, precários com 40 e 50 anos, mostraram que já não têm tempo para continuar a viver como habitualmente. Com as suas manifestações e greves, os professores mostraram que a Escola pública está viva e que os professores não desistiram de cumprir a sua missão.

    Liked by 2 people

      1. Vai privatizar a escola (que vai deixa de ser) pública (cheque-ensino).   
        Ou ainda tens dúvidas disso?  
        E o mesmo se vai passar na saúde (cheque-saúde) e na justiça (cheque-justiça).  
        Para que não esteja a enganar alguém: concordo com qualquer um desses três cheques .

        Gostar

      2. Privatizar as areias das praias… ahahahaha, mesmo bom, obrigada. Se uma pessoa não se for rindo de ironia da situação, entra em desespero e as emoções não favorecem o pensamento lógico

        Gostar

    1. Mais giro do que as negociações com a Alexandra Leitão (braço direito e mentora de Pedro Nuno Santos)?   
      Ou referias-te às negociações dos sindicatos com o Costa?

      Gostar

  9. Comentador frequente nas televisões (mais um a chegar a ministro…). ‘Tirem o cavalinho da chuva’ quanto às reivindicações docentes: o máximo é dar a alguns (como fez o PS ao dar 1 ano apenas a quem está entre o 7º e 9º). Provavelmente será cortar mais…

    Gostar

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.