Muito Estúpido

É impossível não me sentir assim quando leio estudos de especialistas muito afamados, nacionais e estrangeiros, que conseguem comprovar com imensas fórmulas, regressões, variâncias, gráficos, tabelas, curvas e contra-curvas, medições e quantificações, padrões em xadrez e risquinhas com cores, aquilo que a minha observação directa revela ser errado, profundamente errado.

Ao que consta, falta-me uma visão sistémica dos fenómenos. Faltam-me uns meses em Cambridge a ganhar verniz teórico ou em Stanford a desenvolver sensibilidade estatística para os excéis. Faltam-me uns hanusheks in the morning ou uns petersons e walbergs para o sunset. Já nem falo numas fellowships ou numas visitings professorships, invited, claro. Vá lá que o que me falta em malabarismo estatístico parece que me sobra em capacidade para encontrar bibliografias não esquálidas e daquelas que acenam para o lado certo do tipo béu-béu. E nunca me passaria pela cabeça fazer caracterizações com base em dois livros e duas entrevistas num fim de semana. Falta-me, em suma, a sofisticação analítica que permite dar sempre noves fora nada.

Não vou por agora linkar exemplos, prefiro mesmo confrontar.

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Prazos

A partir de dado momento da minha vida – ali por tempos da Faculdade – comecei a sentir-me idiota por cumprir prazos. Não é que tenha deixado de os cumprir, mas passei a perceber que os espertalhaços eram os que não cumpriam prazos com as mais desconjuntadas desculpas, viviam bem com isso e ainda gozavam com os otários como eu. Ainda me lembro de um colega que fazia questão de nunca entregar o trabalho no prazo, mesmo que fosse de meses, só para ver o que os outros faziam, ouvir os comentários dos professores e acertar o tiro.

Mas não é só desses que vive o endémico hábito de, entre nós, se considerar o cumprimento de um prazo como sinal de distúrbio mental ou mania se se armar. Há também os que não cumprem porque constatam que, na má prática, raramente alguém é penalizado se o não fizer. A desculpabilização corre ligeirinha, a par com a impunidade e a cumplicidade do não me digas que também nunca fizeste. E a verdade é que a moral do cumprimento é muito escassa.

Só que, quando alimentada desde a infância, esta atitude de irresponsabilidade acaba por desaguar numa impossibilidade de exigência de rigor aos outros, por manifesta ausência de autoridade na matéria. Porque é difícil querer um comportamento ético naqueles que olham para o lado e para cima e só encontram truques e habilidezas, desculpas e justificações.

E assim continuaremos alegremente a enterrar-nos na falta de exemplos que sejam mais do que excepções ou que, pelo menos, consigam concorrer em igualdade com o baldanço. Nas escolas e fora delas.

Calendario

Frustração

Acho interessante quando se diz que as falhas na aprendizagem se devem, em muito, à frustração dos alunos que não encontram na escola a resposta para os seus interesses. Pelo que, de acordo com a teoria, assumem atitudes de desinteresse e posturas de confronto.

Agora imaginem que esta mesma teorização se aplica aos professores… e não vale a pena dizer que os adultos devem estar preparados para isso porque, em boa verdade, são eles que trazem um lastro bem maior nestas matérias…

vidaesumsaco

Há 10 Anos

Comecei o Umbigo da forma como poderia ter começado este Quintal, mas aquele acabou por tornar-se outra coisa. A ver se este nem por isso.-

Também eu, meu bruto !

Está bem.

Também quero um blog só para mim, onde possa tirar da gaveta alguns textos, uns mais esquecidos do que outros, outros menos originais do que uns.

A ver no que dá.

tempus-fugit