Phosga-se ao Cubo!

Qual a sua opinião sobre a “transferência de competências para as autarquias”?
A partilha de responsabilidades em matéria de educação com as autarquias e os pais tem já um longo caminho, no nosso país, que se deve continuar a aprofundar, no respeito pela autonomia pedagógica e profissional das escolas e dos professores. Trata-se de transferir competência da administração central e regional, nuns casos para a administração local, noutros casos para as próprias escolas.

Conden

Sempre perfilada na hora de defender a herança.

Tradição

Entre outros vultos da politologia nacional, Diogo Feio estava há bocado na SICN a acenar com o facto de hoje se ter quebrado uma tradição de 40 anos com a rejeição do governo.

Na madrugada de 25 de Abril de 1974 também houve uns malandros que decidiram dar cabo de uma tradição que ia quase com 48 anos.

A mim, que sou um gajo chato e mal intencionado, acho que há gente que ficou com um grande galo nesses dois momentos de quebra da tradição.

GAlo

Elogios

Há quem os adore e há quem desconfie deles, em especial quando surgem de forma despropositada ou excessiva. Porque há quem tenha a capacidade de distinguir aquilo que vale e aquilo que lhe querem fazer acreditar que vale, quando isso é útil por esta ou aquela razão.

Por isso, raramente levo em linha de conta elogios de alunos actuais, mas sou capaz de apreciar de um antigo aluno, passados uns  bons anos e sem que ele me venha pedir uma carta de recomendação para qualquer coisa :-).

Os elogios são o combustível ideal da vaidade injustificada. Por exemplo, dos que se acham insubstituíveis como aqueles que povoam cemitérios sem que o mundo deixasse de rodar.

Não devem ser regateados quando merecidos. Mas revelam muito sobre quem os distribui, de forma injustificada ou interessada, como se fossem caracóis em canavial, numa manhã húmida de Junho, todos animadinhos com as antenas de fora.

Até porque o mais certo é acabarem guisados.

Caracois

O Debate

Ouvi muito pouco, tanto por causa dos compromissos lectivos, como porque não sou muito fã de cerimónias fúnebres.

Mas, a caminho de casa, lá apanhei coisa de uns 15 minutos, intercalados com música para limpar as sinapses, entre o final da resposta do efémero novo PM à intervenção do Bloco e o início da do Jerónimo de Sousa.

O que quer dizer que apanhei, assim de frente, com a intervenção do Nuno Magalhães em forma de vénia e a resposta, com salamaleque final, de Passos Coelho.

Pelo meio, ficou uma conversa que, mesmo para alguém que desgosta de comparações excessivas com outros tempos por causa da banalização do recurso, só fazia recordar o seminarista António ali por 1930-32.

O uso de expressões como “dar o passo maior do que a perna permite”, a propósito da comparação dos gastos dos tempos de Sócrates com a eventual recuperação salarial de muitos portugueses, e outras pérolas demagógicas do género, deu-me vontade de questionar se devo acreditar na reencarnação, mas entrópica, de outro alguém que muito (ab)usava deste tipo de discurso popularucho.

O problema é que o novo e efémero PM parece não perceber – ou se percebe, disfarça – que os excessos socráticos e o que acumularam à dívida do Estado passaram muito mais pelos gastos sumptuários com obras de que muito beneficiaram as empresas do centrão dos negócios que agora se aflige e não tanto pelos salários de enfermeiros e professores ou pelas pensões, por muito que o ranzinza carreira insista todas as semanas, com gráficos do mais simplista que se conhece e o beneplácito da jornalista que acena que sim.

Uma coisa é travar o TGV ou o novo aeroporto, parar as auto-estradas feitas a monte pelo campos e o lino ou ter tino nas obras da Parque Escolar e outra coisa é regatear pensões de 1500-2000 euros após 35 ou 40 anos de trabalho.

O problema é que, pelo que se conhece, apesar dos cortes draconianos nos rendimentos dos portugueses, do desemprego e da emigração, continuamos com uma dívida pública galopante porque o finado governo não teve coragem para cortar as verdadeiras gorduras dos chupistas do Estado (chuchalistas, mas também muitos laranjas que andaram a gerir empresas do Estado e passaram a secretários e consultores), muito dos quais continuou a beneficiar.

O resto da conversa, repito, relembra o que de mais chão nos deu há mais de 80 anos um outro grande moralizador dos gastos públicos, sendo que, por ser repetido e sem qualquer lampejo de originalidade, revela uma enorme indigência política e preguiça intelectual do actual.

SuperSalazar_1-478x478

Até tem orelhas e tudo.

Expectativas

Em matéria de Educação são baixas em relação a um governo do PS, apesar de uns retoques cosméticos no programa de Governo, para dar a entender que o Bloco e o PCP não acrescentaram nada.

Mas a verdade é que eram baixíssimas em relação à coligação.

Assim, os queirozes&muñozes continuarão a entrar por ali dentro, mas ao menos devem começar a bater à porta.

Quanto ao resto, os professores continuarão a ser os mexilhões onde tudo bate, desde a culpa do insucesso dos alunos ao despesismo orçamental. Basta ver que nem uma palavra sobre a revalorização da sua situação profissional.

Portanto, nem me move o argumento corporativo no apoio a esta solução governativa que agora parece pronta para enfrentar os bloqueios ideológicos presidenciais..

Burro2