Este Mês, No JL/Educação

Sem recurso à IA ou ao ChatGBT, como se nota, tantas vezes, pela minha crescente disortografia digital.

Ainda não consegui achar cópia em papel, que a distribuição cada vez anda mais fraca. Parece que enviei com redundância na citação inicial, provando o que acima afirmo, mas que aqui já corrigi.

O preço é muito alto

Atribui-se a Benjamin Franklin o aforismo, retomado por muita gente, que diz algo como “se a educação é cara, experimentem o preço da ignorância”. A sua aplicação é variada, mas poderíamos pensar que teve uma demonstração bastante evidente nas eleições do passado dia 10 de Março.

Já a Aristóteles deve-se outra citação muito glosada: “as raízes da educação são amargas, mas os seus frutos são doces”. São lugares-comuns, frases feitas, havendo para todos os gostos, um pouco como os ditos populares e provérbios, que podemos encontrar a dizer algo e o seu contrário. Mas, apesar disso, tal como nos provérbios, existe nessas frases um pouco mais do que apenas um aforismo sem substância.

É bem verdade que a ignorância pode servir para uma poupança imediata, mas só serve a quem quer uma população domesticada, por falta das ferramentas intelectuais para se emancipar de forma mais rápida e eficaz, assim como uma Educação instrumentalizada pode condicionar o pensamento das novas gerações, tornando-as mais dóceis à manipulação. O que nem sempre se consegue prever é que os custos da falta de conhecimento ou de uma Educação truncada podem ser devastadores a médio ou longo prazo.

Entre nós, embora num movimento partilhado com outras sociedades ocidentais que confundem a “modernização” e a “tolerância” com o desprezo pela herança cultural da Humanidade e gostam de a relativizar, acusando-a de ser eurocêntrica, começam a notar-se as consequências dramáticas de um conjunto de políticas educativas que menorizam o Conhecimento, nomeadamente as Humanidades, em favor de um saber tecnológico meramente instrumental.

Não adianta fazerem-se declarações pomposas em preâmbulos de decretos, “referenciais” ou mesmo “perfis”, se depois se substitui a Filosofia pela Educação Rodoviária ou a História pelo Empreendedorismo nos anos de formação dos futuros cidadãos. Se são minguadas as horas para as Ciências, enquanto se considera que deve ser reservado um crescente tempo para temas de relevância circunstancial; quando em vez de se investir em laboratórios para o ensino experimental, se acha que devem ser aplicadas verbas em bicicletas, sem que existam pistas para as usar nas escolas.

A menorização do pensamento abstrato e da capacidade de reflexão sobre temas com alcance universal, em favor do “concreto” e do “local”, reduzem de um modo crítico a capacidade dos cidadãos em formação, dos futuros eleitores, e cortam-lhes os horizontes, em especial dos que menos capital (económico e cultural) têm para escapar ao espartilho de uma Educação (Pública) reduzida ao “essencial” e mascarada com um “sucesso” de fachada.

O meu colega Paulo Prudêncio, em texto divulgado no Público em 28 de Dezembro de 2023 (“E eis que se apresentam os novos eleitores”), fez a análise da ligação entre a ascensão dos fenómenos populistas de extrema-direita e um eleitorado jovem, criado e educado num contexto que eu classificaria de desinvestimento no Conhecimento e de “Deseducação”. Ou de “descerebração programada” nas palavras de Jean-Noël Robert (De L’Ecole Ou La Deseducation Nationale, 2017).

Passo a citar, de forma extensa, o texto do Paulo Prudêncio:

“ (…) os novos eleitores portugueses não cresceram apenas num clima escolar autocrático e extractivo. A própria sociedade viveu tragédias bélicas, climáticas e migratórias e crises políticas, económicas, pandémicas e inflacionárias. E enquanto o mundo do trabalho associava à instabilidade profissional e financeira a sociedade do cansaço, a política mainstream tudo fazia para se descredibilizar.

Por outro lado, os jovens habitam um ambiente digital com as categorias integradas – socialização, informação, entretenimento, politização e influenciadores – expostas à falta de esperança, que é, depois, usada na gramática eleitoral. O voto dos jovens na extrema-direita será também um protesto, mas com o risco de se entranhar como uma convicção.

Em suma, vive-se uma encruzilhada dramática devido a anos de interrupção da pedagogia democrática; e teima-se nos erros. Do ponto de vista educativo, recupere-se a escola da democracia, da razão e da ciência.”

A este diagnóstico eu acrescentaria as já referidas tendências transnacionais que se instalaram na governação da Educação e que combinaram a erosão do modelo democrático de funcionamento das escolas a um currículo esquelético e no qual disciplinas essenciais para a formação dos futuros cidadãos eleitores foram secundarizadas, amputando-se de forma drástica os seus conteúdos.

Nas eleições de 10 de Março, verificou-se como a amputação da Memória Colectiva e a degradação da transmissão geracional do Conhecimento sobre o passado, mais ou menos recente podem ter efeitos desastrosos.

De acordo com um estudo coordenado por Pedro Magalhães, o eleitorado do partido Chega é o que apresenta o nível mais baixo de frequência universitária (22%, contra 28% do PS e 29% da CDU) e o terceiro com maior peso de eleitores que não completaram o Ensino Secundário (24%, contra 32% da CDU e 35% do PS). O que significa que é, de longe, aquele que tem na sua composição mais votantes apenas com o Ensino Secundário (55%), muito acima do PAN (47%), da CDU (39%) ou da Iniciativa Liberal (38%).

Se cruzarmos isso com o perfil etário dos eleitores, podemos concluir que o eleitorado jovem, apenas com estudos secundários, é mais permeável do que o mais velho à atracção pelo voto numa organização política com fortes elementos securitários, de xenofobia, intolerância cultural e radicalismo político, para não estender mais a caracterização.

O mesmo investigador já alertava, na sequência do seu estudo Bases sociais das intenções de voto em 2023, em declarações ao Diário de Notícias (“Jovens eleitores oscilam entre a “atração pelo abismo” e a abstenção”, 18 de Janeiro de 2024) para este fenómeno, sugerindo que “a probabilidade de tencionar votar Chega diminui com a idade” e explicando que isso poderá dever-se ao facto dos mais jovens “não terem desenvolvido ideologias e afinidades psicológicas com os partidos existentes, estando mais disponíveis para optar por partidos de origem mais recente, novos, tais como os da direita radical”.

Fonte: https://www.pedro-magalhaes.org/bases-sociais-2023/

Para além da idade, a intenção de voto também se relaciona “com o facto de viverem em situações económicas mais desfavoráveis e incertas do que as anteriores gerações, com grande competição pela entrada no mercado de trabalho, que os faria tomar opções que expressam descontentamento e insatisfação com o status quo”.

Ainda de acordo com o estudo de Pedro Magalhães, o peso dos “jovens” (18-34 anos) nos votantes no Chega é bem menor do que no Livre ou IL (32% contra 44% ou 49%, respectivamente), mas não sabemos ainda como é a proporção entre o segmento dos 18 aos 25 anos, por exemplo. O que significa que jovens, pouco escolarizados, em contextos desfavorecidos tendem a optar pelo voto de protesto numa Direita radical populista, enquanto outras gerações o canalizavam para partidos da Esquerda tradicional, como o PCP, ou que jovens com maior escolarização encaminham, à esquerda, para o Livre (64% de eleitores com estudos universitários) ou, à direita, para a IL (56% com o ensino superior).

Estas tendências entre os jovens eleitores representam o fracasso de uma Educação que se pretende promotora da tolerância, do respeito pela diferença e pela solidariedade, em certa medida porque o esvaziamento curricular de matérias tidas como “arcaicas” (o desaparecimento quase total do confronto entre a democracia ateniense e a oligarquia espartana, assim como da fase republicana da Roma Antiga), deixa os jovens sem ferramentas intelectuais para compreenderem melhor as opções políticas que lhes são apresentadas no imediato, em especial quando o presente se percepciona como ameaçador. O mesmo se diga da forma passageira como agora se aborda o confronto entre ditaduras e democracias no século XX.

A afirmação de uma “Escola/Educação Inclusiva” tem sido uma narrativa retórica e legislativa, porque às práticas indispensáveis para a sua implementação em profundidade têm faltado os meios que têm sobrado em pretensas “formações” sobre o tema. De igual modo, de pouco adianta falar numa Educação para a Democracia, se o funcionamento da instituição escolar é a sua negação e os alunos percebem todos os dias o desrespeito dos políticos para com os seus professores e a relativização da noção de mérito e de responsabilização pelo próprio desempenho.

Sim, o preço da ignorância pode ser muito elevado. E a conta já chegou.

33 opiniões sobre “Este Mês, No JL/Educação

  1. Nunca os governantes tiveram as soluções e informações para resolver a crise da escola ( que explica largamente a viragem para os populismos) tão sistematizada e pronta a aplicar como neste blogue, neste artigo e na missiva da Missão Escola Pública!

    Haja vontade para resolver mesmo os problemas sem flirt ao mero carreirismo e à propulsão para as instâncias políticas internacionais!

    Os problemas são nossos e têm que ser resolvidos por nós. Sem mais observatórios, gabinetes e grupos de trabalho para justificar moribundos, vendidos ao ego, ou ao pensamento importado que tudo globaliza sem respeito por identidades e particularidades em torno das ideias de lucro, livre concorrência e de alta finança, que também recorrem a armas tecnológicas e de espionagem pouco ortodoxas.

    O facto de haver um tipo que há 1 da manhã é enviado por um PR à cerimónia de vassalagem da alma costista, na Europa, não augura nada de bom, até porque agora existem mais de 50 bancos parlamentares vazios de boas ideias, mas cheios de preconceitos, boçalidade e com os mesmos aptites desonestos daqueles que os precederam! Sem ficha limpa dominam as perigosas tecologias de vácuo que arrebanham extremismos de forma subliminar e permanente naqueles que pouco ou nada sabem.

    Exista vontade e honestidade acima de tudo! Caso contrário, nada de bom teremos daqui a 5 ou dez anos (ciclos para formar aqueles que hoje já frequentam a escola). É que a escola precisa de tempo para formar gerações. Pouco mas bom é sempre o melhor!

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  2. É deliciosamente irónico ter-se chegado à era da IA com um desinvestimento educativo nas artes e nas humanidades, a favor do que é técnico e instrumental, estas últimas, áreas mais fáceis de mimetizar pelas máquinas e que serão o primeiro alvo na linha da extinção.
    O diabo está nos detalhes.

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      1. Não ouso pôr o estudo em causa. Mas sinto-me muito ignorante. É que saber como se faz o estudo, eu não ponho em causa. Mas se corresponde à realidade ou à verdade, isso eu ponho. Impossível saber se o meu voto é de um licenciado ou de alguém que nem sabe ler ou escrever. E se não sabem o meu, como vão saber o dos outros? E não há margem de erro? Para o melhor ou para o pior, mas não acredito.

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          1. Errado. Acredito na bondade natural, mas jamais a política interferiu com o que entendo serem valores humanos. Sempre conheci gente de valor da esquerda e da direita. A minha mãe votava direita e o meu pai votava esquerda. Adorava-os os dois. Tenho grandes amigos na escola. Nunca perguntei onde votavam. Vou continuar com esses amigos, e outros. Admito só uma grande dificuldade em entender e lidar com pessoas de extremos, extrema direita agora. Já o deixei escrito num artigo, não conheço ninguém, bom ou msu que tivesse votado chega.

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      2. Estudos que não querem dizer nada, nem têm Estatística credível associada. É o mesmo que estudar o grau académico dos adeptos de um clube. Não é estudo que se possa fazer. Até um agricultor pode entender isso.

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  3. O artigo do Paulo, é escrito com base em factos e evidências.

    A História foi secundarizada.

    Nada a acrescentar!

    Complementos:

    — Imaginemos que a História B, foi há uns anos, esquecida num ou noutro AE, em nome de “fidelidades internas e joguinhos de poder ou troca de ….”

    – HISTÓRIACULTURAS E DEMOCRACIA (HCD) é uma disciplina anual de opção destinada aos alunos dos cursos científico- humanísticos de Ciências e Tecnologias, de Ciências Socioeconómicas e de Artes Visuais do Ensino Secundário.

    Pe António Vieira

    6 Fev 1608 // 18 Jul 1697
    Padre/Escritor

    “Todos os que na matéria de Portugal se governaram pelo discurso, erraram e se perderam.”

    História do Futuro, do Padre António Vieira

    “A história é émula do tempo, repositório dos fatos, testemunha do passado, exemplo do presente, advertência do futuro”

    Miguel de Cervantes

    “Se no passado se vê o futuro, e no futuro se vê o passado, segue-se que no passado e no futuro se vê o presente, porque o presente é futuro do passado, e o mesmo presente é o passado do futuro.”

    Padre António Vieira

    “Eu conquistei a Europa pela espada,

    Os que vierem depois de mim, conquistá-la-ão pelo espírito.”

    Napoleão Bonaparte

    Transcrição de um texto postado pela Biblioteca Municipal de Ovar e, datado de OUTUBRO DE 2021

    Hannah Arendt

    «Em nome de interesses pessoais, muitos abdicam do pensamento crítico, engolem abusos e sorriem para quem desprezam. Abdicar de pensar também é crime».

    Nesse mesmo ano, publicou “Origem do Totalitarismo” que a tornou conhecida e respeitada nos meios intelectuais. Na obra, dividida em “Antissemitismo”, “Imperialismo” e “Totalitarismo”, procura analisar de que modo se forjou na Europa uma verdadeira máquina de destruição capaz de levar ao horror do holocausto.

    Em 1961, publicou “Entre o Passado e o Futuro”, afirmando que a palavra e a ação, para se converterem em política, requerem a existência de um espaço que permita o aparecimento da liberdade.

    Em 1963, publicou “Eichmann em Jerusalém” que nasceu de uma série de artigos publicados na revista The New Yorker. Nesta obra, Hannah trata do julgamento de Eichmann, o oficial da Alemanha nazi que entrou para a história como o administrador da “solução final”, intentando o extermínio sistemático de judeus na II Guerra Mundial. As conclusões de Hannah, que o retratou não como a encarnação da maldade, mas como um mero burocrata preocupado em subir na carreira e inconsciente da dimensão psicopata de seus atos, causou polémica e levou a muitas reções negativas, até dos seus amigos. Deste livro nasceu a expressão “banalidade do mal”, defendendo a autora que o mal não é uma força metafísica, maior que a vida quotidiana, mas que existe por questões e circunstâncias políticas e históricas.

    Ainda em 1963, Hannah Arendt começou a lecionar na Universidade de Chicago, onde permaneceu até 1967. Nesse ano, mudou-se para Nova Iorque onde foi contratada pela New School for Social Research, ali permanecendo até 1975.

    A última obra de Hannah Arendt, “A Vida do Espírito”, foi publicada após a sua morte, que ocorreu em Nova Iorque no dia 4 de dezembro de 1975.

    Algumas citações de Hannah Arendt, que a definem:

    · A escola não é de modo algum o mundo, nem deve ser tomada como tal; é antes a instituição que se interpõe entre o mundo e o domínio privado do lar.

    · Em nome de interesses pessoais, muitos abdicam do pensamento crítico, engolem abusos e sorriem para quem desprezam. Abdicar de pensar também é crime.

    · Uma existência vivida inteiramente em público, na presença de outros, torna-se, como diríamos, superficial.

    · Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história.

    Filme

    O filme “Hannah Arendt”, de 2012, faz uma síntese das controvérsias e polémicas causadas pela publicação dos artigos na revista The New Yorker sobre o julgamento de Eichmann, o oficial nazi.

    Fonte: https://www.ebiografia.com/hannah_arendt/

    Crédito:https://biblioteca.cm-ovar.pt/Atividades/Autor-do-Mes/ModuleID/481/ItemID/72/mctl/EventDetails

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  4. De todo este arrazoado se conclui que esta chungaria PS, PSD e aliados, que andou no poleiro este tempo todo, convenceu-se que era “muy lista” e só agora descobriram que não passam de uns rematados idiotas. E, mesmo assim, há muitos que ainda continuam convencidos que podem continuar a enganar toda a gente o tempo todo.

    Serviu-lhes de muito fazer tudo por tudo para conseguir uma “população domesticada, por falta das ferramentas intelectuais para se emancipar de forma mais rápida e eficaz, assim como uma Educação instrumentalizada pode condicionar o pensamento das novas gerações, tornando-as mais dóceis à manipulação.”.

    Serviu-lhes de muito – quando apareceu o Chega (outra chungaria pegada) – tentarem colocar-se em bicos de pés, sempre a dar grandes lições de moral, de caráter e de antifascismo enquanto procuravam meter medo a tudo e a todos com o curioso argumento de que “nós na esquerda até podemos ser uns gandas vígaros, mas os da direita ainda são muito piores”. E tudo isso só para poderem continuar, alegremente, com os seus esquemas de corrupção.

    No fim, a tal “população domesticada, por falta das ferramentas intelectuais para se emancipar de forma mais rápida e eficaz” não foi de modas e resolveu “pagar para ver”, deixando um aviso na forma de 1,1 milhão de votos no tal papão.

    Agora é ver @s tais fulan@s (que gostam muito de dançar em pontas) feitos galinhas tontas, qual Augusto Santos Silva (esse grande malhador antifascista) depois de saber que perdeu o seu poleiro na AR.

    Seria cómico se não fosse triste (principalmente para quem, como eu, não tem culpa destes delírios).

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    1. Ou seja, não escapa ninguém.

      Já agora, quem votou em Rui Tavares? Também é interessante saber, porque fora de Lisboa, passe a hipérbole, ninguém sabe quem ele é.

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      1. E cuida o Sísifo que eu não tenho nada de melhor para fazer do que andar a investigar quem votou num fulanito de um partido menor e de somenos importância que só tem conseguido (até agora…) um lugar na AR?

        O que eu sei é que se em vez de se armarem em espertos e em intelectuais – sempre a meterem medo com o Chega, de modo a terem uma desculpa para continuarem com as vigarices, porque “Olhem que o Chega é muito pior! Vejam lá o que fazem!” – se tivessem livrado de uns quantos “ativos tóxicos” lá pelos partidos do tal “eixo de governação”, hoje não estaríamos para aqui a pensar no “que mais nos irá acontecer?”.

        E, não! Não escapa mesmo ninguém! E, sim! Acredito que é mesmo possível que 1,1 milhões de portugueses sejam todos racistas e xenófobos. Basta ver o que aconteceu na Alemanha dos anos 30 e 40 com muito mais gente.

        O que seria mais uma razão para não dar pretextos para que certas “pulsões” se manifestassem. Mas claro que isso implicava começar por “limpar a casa” lá pelos partidos, coisa que, pelos vistos, ninguém está para aí virado. “Penso eu de que” nesta realidade paralela em que só eu vivo…

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        1. Primeiro, era mera pergunta retórica.

          Segundo, não, não foi um milhão de racistas que foi votar no Ventura esperando que a suástica seja erguida em Portugal. É gente que está farta desta porcaria, ou seja, dos políticos que nos têm desgovernado nos últimos 25 anos.Olha-se para um lado e para o outro e não se vê ninguém – repito, ninguém – sério e/ou competente.

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          1. “não foi um milhão de racistas que foi votar no Ventura esperando que a suástica seja erguida em Portugal.”. Longe de mim pôr-me a dar lições de moral a esse milhão de pessoas, mas, se calhar, não foi só, mas também.

            Infelizmente, não possuo a sua fé inabalável na bondade humana. E, vendo bem, tampouco me parece que o Sísifo possua essa fé toda na dita bondade humana, a avaliar por tudo o que contou sobre o Rui Tavares.

            E, pelo pouco que sei de História, parece-me que os alemães do período entre-guerras que foram a correr erguer o braço e gritar “Heil Hitler” não o fizeram apenas  por serem mais antissemitas e/ou racistas que a restante Humanidade mas porque, entre outras coisas, se fartaram das humilhações, das sanções e indemnizações (com justificação ou sem ela) que lhes foram impostas pelos Aliados com o tal Tratado de Versalhes que, supostamente, visava evitar uma 2ª Guerra Mundial (pois sim, serviu de muito…).

            A minha área não é a História e não pretendo parecer pesporrente como desventurado Augustinho Santos Silva, mas, pelo que vejo e ouço, parece-me que não é boa ideia estar a criar “caldos de cultura” favoráveis a extremismos. Por isso continuo a colocar a tónica no “limpar a casa” dos partidos. Mas como ninguém me liga nenhuma, fico com a incómoda sensação que a corrupção e a vigarice já estão tão disseminadas que se isso fosse feito os partidos ficavam, praticamente, sem militantes.

            Enquanto o resto da Europa não embarcar em extremismos, com Chega ou sem Chega, lá iremos passando entre os pingos da chuva. Se (ou quando?) isso acontecer…

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      2. O Livre elegeu deputados fora de Lisboa.

        É verdade que o conheço em grande parte porque sou de História e lia muito o Público, que muito o acarinhou e projectou.

        O mesmo se aplicará à senhora do PAN, ao próprio Paulo Raimundo ou a 47-49 dos 50 deputados do Chega.

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        1. Sim e não. Tavares é um fenómeno de nichos: Lisboa, Porto e Setúbal.

          Por outro lado, se falamos de deputados,nem os do PS ou PSD são conhecidos.

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        1. É um grande homem porquê?

          Ainda esta semana ouvi a entrevista que deu à televisão e fiquei sem saber o que quer o homem da política, além de tentar uma fórmula interessante, isolando o Chega do resto do centro e centro-direita só para concluir que a Esquerda tinha mais votos do que a Direita sem Chega, portanto cabia-lhe a ela governar. Isto é sério? Não, é golpada a la Costa.

          Da campanha, retive a pilinha, a vergonhosa tentativa de esconder que os filhos frequentavam o ensino privado e uma série de tiradas que davam para tudo e nada.

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          1. Por issso disse, goste-se ou não. Eu não me referia ao homem político. Aí cada um julgue o que entender mais correto. Também não perco tempo a saber quem mostra ou não a pilinha. Considero-o um grande homem porque me parece intelectualmente honesto e professa valores humanos que eu considero. Para não dizer que o acho um bom historiador.

            Eu não disse que votava Livre.

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          2. Eu também não disse o que não disse.

            Não o conheço como pessoa, portanto apenas «avalio» o que os meus sentidos me dão a conhecer.

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          3. E fazes bem. Eu já falei com ele menos de 5 minutos, mas não é por aí. Pelo menos é inteligente e não me parece que use a inteligência para o mal. Ao contrário de um Ventura que é um mentiroso descarado e vive da mentira. Os políticos tal como os Homens, não são todos iguais.

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          4. O Tavares abespinhou-se todo com o Ventura, dizendo-lhe que a família e não sei o quê não deveriam ser trazidas para a campanha (e bem). Eis que, no dia seguinte, lá vem a família para a campanha.

            Em falta de rigor, a imagem que tenho dele é de um palavroso que se esforça por desempenhar um papel de pessoa ponderada e moderada.

            Concordemos, pois, em discordar. Eu fujo da extrema esquerda e da direita, tu foges da direita.

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    1. Gente com estudos no “papel” e analfabeta funcional na prática.

      Quem descobriu o caminho marítimo para a Índia? Camões. Que nota tiveste a História no Natal, rapaz? Doze.

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  5. 1.º) Sim, não só, mas também. Entre um milhão de pessoas, haverá de tudo, como é evidente, incluindo racistas, xenófobos, marialvas, etc., etc., etc.

    2.º) Não tenho fé nenhuma na bondade humana há muito tempo.

    3.º) No passado domingo (já bem antes, na verdade), olhei para o boletim de voto e não vi ninguém em quem votar, uns porque não os quero a governar este país, outros porque querem reduzir isto ao mínimo dos mínimos e outros porque são «avotáveis».

    4.º) A corrupção está, de facto, tão entranhada que ninguém se surpreende com ela. E não precisamos de chegar ao topo desta chungaria. Não vou revelar nomes, pois o caso está em processo de investigação ainda, mas um presidente de câmara de uma terreola vizinha desta onde moro, que estaria neste momento prestes a sentar o traseiro numa cadeira no Parlamento, viu-se enredado em diversos desvarios que terá praticado. Até aqui, tudo «bem», é o prato do dia. O mais inquietante, como se fosse possível, é o manto de silêncio que cobriu toda a porcaria que terá feito, motivado por medo de represálias da população. O sujeito não é do Chega, note-se. Como é possível que, 50 anos após o 25 de Abril, se vivam neste país situações destas?

    5.º) Santos Silva terá sido um dos obreiros do silenciamento do telejornal de Manuela Moura Guedes e da tentativa de criação de censura «internética». Curiosamente, também o têm por culto e inteligente, pelo que terá estudos, digo eu, o que contraria a tese da postagem.

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  6. Não é preciso conhecer pessoalmente o Rui Tavares para saber que é sério, inteligente, e que escreve bem. Basta ler um livrinho dele, eg “O pequeno livro do grande terramoto”. Faz uma certa diferença para aquele bando de grunhos que para nosso mal tomaram lugar na Assembleia da República.

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  7. A pior corrupção é a interior, aquela que nos torna crédulos ao ponto de acreditar que aqueles que gritam “Abaixo a corrupção, abaixo os estrangeiros, viva a gente de bem” (olha quem!) é menos corrupto.

    As “gentes de bem” – não sabem que este termo vem do século XIX, que servia para designar as gentes com (muitos) bens. Um bocadinho de História far-nos-ia um bocadinho menos tótós.

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