Paralelas Assimétricas

Há uns dias, perguntavam-me onde estava oficialmente escrita uma determinada orientação que as escolas estariam a seguir este ano lectivo em relação ao sucesso dos alunos, visto que a legislação diz o que já dizia e ninguém se descose. Não me ri, porque sei que quem não está por dentro destas coisas ainda acredita que eles não aprenderam a não deixar rasto das coisas mais manhosas.

telefone

Quem (nos) Dera!

O Paulo parece acreditar em que algo de essencial poderá mudar. É um optimista. Foi o PS que criou a figura do director e o modelo unipessoal de gestão é algo que une a generalidade dos decisores políticos do arco da governança central e que é tolerado pelos restantes que não querem fazer ondas. Quanto muito, talvez regresse alguma democracia às chefias intermédias, mas não me parece que esteja no horizonte uma mudança radical no modelo de gestão escolar. Como mais uma “causa” da Fenprof para fazer prova de vida nada disto me surpreeende. É só fumaça. O povo é sereno. E já está habituado.

fumaca

A Debandada?

E se, depois de todos os principais jornais lhe terem negado apoio e grande parte dos dirigentes do partido pelo qual se candidata oficialmente o terem retirado, Trump conseguir ter um resultado acima dos 40%? O que nos dirá isso acerca da saúde da democracia americana, que alguns dizem ser a matriz de todas as outras?

trump

Transparências

Está quase a fazer 33 anos, dentro de uns meses. Era aluno do 1º ano de História e era necessário escolher o trabalho para a cadeira de Teoria das Fontes e do Saber Histórico. Estava quase a passar 10 anos sobre o 25 de Abril e eu queria fazer um estudo sobre a forma como a memória desse acontecimento seria transmitida na imprensa nacional. Fui desaconselhado de forma razoavelmente gentil com uma variação bastante menos explicita do fundamento “és um puto caloiro de História, achas que tens mesmo cabedal para isso?” É verdade que todos estes anos depois ainda não me decidi, por muito que tenha acumulado material, a assumir tal capacidade. Um dos dois projectos que talvez um dia cumpra, assim arranje a paciência.

Mas, em alternativa que também enfrentou resistências, propus fazer uma análise da publicidade das edições dos semanários generalistas nacionais (na altura, Expresso, O Jornal, O País, o Tempo) que assinalassem a data ou que, se não assinalassem, das edições mais próximas. E o trabalho lá foi feito, com nota apenas boazinha e o destino comum a muitos desses esforços iniciais de muita gente (ao que se soube passados uns anos), ou seja, um dos caixotes do lixo da FCSH quando foi necessário arranjar espaço em vários gabinetes.

Vem isto a propósito apenas de já na altura me interessar quem “pagava” as notícias, sendo que na época as publicações eram menos dependentes dos anunciantes do que agora. O interesse manteve-se ao longo de todos estes anos e já aconteceu não comprar (ou deixar de o fazer), de forma mais permanente ou intermitente, alguns jornais na sequência de me aperceber do nível de plantação de notícias. O nascimento, apogeu e óbito de muitas publicações não são estranhos a esta forma de agricultura mediática, em que o espaço vendido não corresponde apenas ao assinalado como publicidade paga. Não pensemos que foi fenómenos apenas de zeinais e salgados. Ainda ontem percebi, apenas com moderado espanto e quase nenhum choque, como se tinha contratualizado uma primeira página da passada semana.

cachorro