Censura Póstuma

Parece que alguém no FBook denunciou este post sobre a escalada no conflito dos enfermeiros com o governo de forma a que fosse censurado. A quem puder voltar a partilhá-lo por lá, muito agradeço, pois não tenho neste momento acesso à dita “rede social”, pelo que escrevo com base num aviso que me chegou por sms. Claro que tenho uma ideia da origem dos denunciantes (é a primeira vez que me acontece, que me lembre), pelo que me diverte o medo que revelam em relação às palavras que, no essencial, encontrarão em breve em outras paragens.

17 opiniões sobre “Censura Póstuma

  1. Parece que há muita gente assustada. Como a democracia e a liberdade de expressão são maçadas a que não se submetem…

    Para maçar, com licença do Paulo Guinote, mais duas denúncias que valem a pena:
    Primeira:
    http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php?action=dlattach;topic=86.0;attach=33282;image

    in: http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php/topic,86.msg345344.html#msg345344

    Segunda

    Opiniao – Diogo Cabrita
    Medico – Chuc e professor Universidade Coimbra

    PArtilho aqui a sua opiniao por ser relevante para o debate aqui neste forum:

    Opinião – A greve e a construção da mentira

    As greves são realmente um problema para as populações e nos países miseráveis para os trabalhadores que não recebem pela participação na luta. Os nossos sindicalistas nunca geriram processos de construção financeira que lhes desse a força de pagar o tempo que exigem de greve aos seus associados. Preferem comprar sedes sumptuosas, gastar em reuniões em hotéis de cinco estrela e em facturação de despesas.

    A greve dos enfermeiros é uma inovação e um ponto de viragem na luta sindical portuguesa. Ao utilizar uma plataforma livre, transparente e aberta de financiamento conseguiram pagar aos trabalhadores em greve o tempo de paragem. Isto faz história para o movimento sindical e dói ao PCP e ao Bloco ver como as greves podem ultrapassar as suas máquinas anquilosadas de luta.

    Não os vi tristes nem insultuosos nas greves do porto de Lisboa que durou mais de um ano e fez Portugal perder milhões de euros de negócios. Não estiveram contra a loucura da Autoeuropa. O problema deles hoje é que há dirigentes dos enfermeiros que são do PSD e a greve está estruturada e pensada de forma irrepreensível. Como chegamos à Requisição Civil?

    Primeiro prometeram licenciaturas às classes profissionais que estavam nos politécnicos. Depois prometeram salários muito maiores para as suas carreiras entretanto aceites. Os politécnicos mostraram elevado rigor e indiscutível exigência no cumprimento das fórmulas legais e actuaram com brilho no palco que lhes foi dado. Bragança já brilha acima de várias Universidades. Então quem não cumpriu? Os partidos que apoiaram e fizeram Bolonha; os Governos que não remuneraram o que prometeram em relação as expectativas que criaram. Está montada a revolta quando um enfermeiro de 40 anos recebe menos que outro formado depois, e quando o seu salário dificilmente tem quatro dígitos mesmo com horas extra e noites a rodos.

    Veio depois a discussão do direito à Saúde e desta coisa da lista de espera que nasce da greve dos enfermeiros. A lista é enorme e já existe e foi construída por desinvestimento na Saúde e desde a ascensão ao estrelato de Correia de Campos e da sua estranha Escola de fazer Ministros e administradores. A construção em prol de teorias de poupança não comprovadas, exigências tontas, redução de responsabilidade das chefias, ausência de fiscalização honesta dos resultados, construção de incentivos diferentes para trabalhos semelhantes, construção de modelos sucessivos não avaliados: como Hospitais EPE, Hospitais SA , depois PPP veio enlouquecer a estrutura da saúde. A política devia ter evitado usar o palco dos direitos básicos como luta partidária.

    Os CRI que deram salários principescos, as horas extraordinárias que ajudaram a fazer altos vencimentos, a diferença do valor hora para trabalhos iguais, tudo isto não trouxe saúde aos espaços que deviam tratar doentes. Mais recente está o exemplo dos Centros Hospitalares construídos sobre joelhos da Escola Nacional de Saúde Pública e que redundou num desvario para exames complementares, para unidades cirúrgicas, para estadiamento de doentes. Gente sem senso governa a despropósito das suas divagações emotivas. É isto que temos hoje na saúde. Não houve avaliação de nenhumas medidas tomadas: nem a exclusividade, nem a entrega de unidades à Misericórdia, nem a forma como a misericórdia gere Instituições de saúde, nem o impacto dos cuidados continuados, nem as consequências na sociedade das medidas sobre medicamentos.

    A medicina baseada na evidência é destruída por uma necessidade de reorganizar para poupar tostões que se vão usar no resgate de bancos e em adiar crimes sem processo e sem consequência das finanças onde estão centenas destes heróis que andaram a destruir o serviço nacional de saúde. As mentiras estão agora no discurso falso, que as televisões repetem na sua infinita ignorância, que tem montras como Cristina Ferreira, Goucha, jornalistas instagram, e peixeiros serventuários de partidos com salários milionários.

    s doentes urgentes são os que se operam de urgência e não houve greve de enfermeiros às urgências. Uma das mentiras. Os doentes de oncologia (vulgo cancro) não são urgentes e bem pelo contrário, são orientados num calvário de consultas, de estadiamento e exames de preparação que os faz angustiar e todos conhecem. É ciência, mas faz a segunda mentira.

    Quando são marcados para operar os enfermeiros estão lá e estão disponíveis e empenhados. Não houve greve a estes. Há doentes que alguns “patrons” sem senso acham que devem ser operados e portanto odeiam os enfermeiros em greve e então surgem discussões pontuais. Isto não faz direito, nem constrói justiça. A emoção e deve estar no seu lugar próprio, tal como a vaidade e a estupidez. Outra mentira. O financiamento dos enfermeiros não foi feito por nenhuns hospitais privados a quem o Estado deve serviços contratados desde 2017.

    A verdade envergonharia a Ministra. Um milhão para a Misericórdia da Mealhada, Um milhão e meio para a Clínica da Sophia. Mais uma das mentiras. Note-se que o que paga o estado pelo serviço de redução de listas de espera aos privados é menos 30% do que lhe custa in-muros. O Estado exige uma ginástica financeira aos privados que quase constrói risco para os doentes. Exige de forma enferrujada, sem óleo, aquilo que não consegue poupar no SNS.

    A mentira está pois no arrozal com os ratos do campo e os lagostins. Tudo a morder as pernas do trabalhador descalço. Eu contribui para dezenas de actividades culturais e científicas da plataforma de crowdfunding. Também paguei mais de 130 euros para a greve revolucionária dos enfermeiros e estaria de greve se os médicos se tivessem solidarizado. Bem hajam pela coragem demonstrada contra o pântano da mentira.

    https://www.asbeiras.pt/2019/02/opiniao-a-greve-e-a-construcao-da-mentira/?fbclid=IwAR2E_htDd2AC3kjxpHiXEzhczFGztm7Xkih1YKY3k08l8mGr7JFeCSz_-Jw
    in: http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php/topic,86.msg345344.html#msg345344

    Terceira:

    É lamentável que a racionalidade não faça questionar o que verdadeiramente acontece dentro do SNS, todos os dias….

    …”O SIGIC – Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia – E O AUMENTO DAS LISTAS DE ESPERA

    Uma fatalidade do país ou um problema que interessa manter a todo o custo?

    Toda a verdade que anda a ser escondida aos portugueses.

    Muito recentemente, a propósito de um comentário meu relacionado com o aumento das listas de espera para cirurgia, alguém que inadvertidamente atingi com o mesmo, e reforço inadvertidamente já que tal intenção nunca esteve no horizonte do meu pensamento, julgando encontrar-me distraído, atirou com uma frase deliciosamente reveladora, desde logo pelo sarcasmo que encerra em si mesma. Não resisto a fazer-lhe pública referência, ou não fosse este um estilo literário que me agrada sobremaneira.
    Numa tentativa, quanto a mim falhada, de atacar o meu comentário sem ter que assumir o confronto directo e a defesa do seu ponto de vista, socorre-se o autor de uma subtileza que, não me tendo passado despercebida, com alguma perspicácia da minha parte, admito, a qual não posso deixar de realça apesar do risco de imodéstia.

    Afirma-se na citada frase simplesmente o seguinte:

    “O SIGIC – alergia de muitos enfermeiros”

    Chegados a este ponto, dirão alguns tratar-se de uma frase quase esvaziada de conteúdo e de uma pobreza extrema na parte que ao sentido da mesma se refere.
    Foi também esta a minha primeira impressão, tenho que admitir sob pena de, não o fazendo, estar a abdicar daquela honestidade intelectual que sempre tento imprimir em tudo quanto vou escrevendo.
    Já uma análise mais atenta acaba por conduzir a uma conclusão que é a exacta antítese daquela primeira, que desde logo rejeitei por se apresentar demasiado simplista a qual, no limite, só podia constitui-se ofensa ao autor.
    E isto para dizer que a frase que tenho vindo a citar não só não é parca quanto ao seu conteúdo como é, outrossim, de uma riqueza semântica invejável.
    Cabe aqui referir que concordo com o autor quanto ao conteúdo explícito. Não posso, contudo deixar de assumir um pensamento dissonante quando nos situamos ao nivel daquele que é seu o conteúdo implícito
    Onde divergimos é, nesta conformidade, em relação áqueles que são os alérgicos, já que o alergeno esse sempre será o mesmo. O SIGIC, evidentemente.

    Felizmente que a maior parte de nós tem a necessária clarividência para perceber que não é por esta via que a lista de espera para cirurgia vai algum dia ficar resolvida.
    Antes pelo contrário, só está e continuará a agravar o problema.

    As listas de espera para cirurgia, e isto a população portuguesa tem que saber, são uma construção da classe médica e servem sobretudo os interesses daqueles que se furtam ao cumprimento das suas obrigações nos serviços públicos, que deixam de efectuar as cirurgias nos blocos operatórios dos hospitais públicos para as realizarem na privada ou mesmo dentro da própria instituição, mas a um custo estrondosamente superior para os cofres do Estado, no programa SIGIC.

    Interessa, pois, que as listas de espera continuem a aumentar, criando verdadeiros stocks de doentes, matéria prima que irá alimentar a fábrica privada, ou o programa SIGIC, onde se satisfaz a gula incessante de uma corte de cirurgiões e anestesistas. Sim, cirurgiões anestesistas, já que os enfermeiros ou não são pagos ou são pagos com trocos.

    É evidente que , quando os que criam e promovem o aumento das listas de espera são os mesmos que serão principescamente pagos para supostamente as resolver, certo será que o problema só irá agravar-se.

    A solução é bem outra. E consiste
    precisamente em acabar com o programa, sem apelo nem agravo. Colocar os blocos operatórios do país a funcionar em pleno, e não durante escassas horas por dia, como se verifica em inúmeras situações, utilizando os recursos que também existem. É por esta via que as listas de espera hão-de ser resolvidas ao invés de continuarem a crescer, qual bola de neve, constituindo-se como o verdadeiro cancro do SNS, ao qual estão a ser aplicados apenas paliativos, numa lógica segundo a qual o que interessa não é a cura mas a manutenção da cronicidade.

    Está na hora de exigir o cumprimento dos horários pelos médicos com vínculo às instituições do SNS, de impedir e punir aqueles que, lesando o interesse público, não produzem ou produzem pouco, para garantirem que o SIGIC continue a proporcionar um rendimento várias vezes superior ao salário normal.

    Os portugueses, o que têm que saber, é que as listas de espera não são resultado, apenas, da Greve Cirúrgica dos Enfermeiros, são antes culpa da classe médica que as “inventou” e continua a manter, sem qualquer interesse em extingui–las, antes pelo contrário.

    Diga-se, por fim, que alguns médicos que têm vindo a terreiro para denegrir a imagem dos Enfermeiros e da sua Bastonária, nomeadamente através da secção regional do norte da ordem dos médicos, não o fazem por preocupação com os doentes, mas antes porque a mina de ouro à qual se habituaram não funciona sem colaboração dos enfermeiros que, num gesto de solidariedade para com os colegas em greve, têm vindo a suspender a sua participação no SIGIC, assim diminuindo o rendimento dos senhores doutores.

    Podem até sentir-se incomodados porque lhes estão a secar a fonte, não podem é fazê-lo recorrendo à mentira, lançando suspeições sobre os enfermeiros, no que à ética e à deontologia profissionais diz respeito.
    Aliás, quando falamos de ética e deontologia profissionais, os enfermeiros são não só mestres como doutores e neste campo não recebem lições de ninguém, muito menos da classe médica que, seguramente, não é exemplo para ninguém.

    Fernando Manuel dos Santos Dias,

    Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica

    Membro da Ordem dos Enfermeiros – Cédula Profissional 7677

    Centro Hospitalar de Leiria – Unidade de Pombal”

    in: http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php/topic,86.msg345344.html#msg345344

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