A Escassez De Professores É Um Fenómeno “Global”?

Não me custa concordar, por uma vez, com o ministro Costa, pois verificou-se nas últimas duas décadas uma tendência “global” para adoptar políticas “racionais” na governança da administração pública e dos seus recursos humanos. O que me incomoda é que exista quem não perceba que essa forma de fazer política foi transversal ao espectro político, da esquerda à direita e que Costa não se distingue de Macron ou Johnson, nem Sócrates de Merkel, nem Passos de Renzi, nem Sanchez de Johnson. Todos alinharam no mesmo tipo de lógica que apresentou a despesa pública como excessiva, devendo-se tal excesso aos encargos com o chamado “Estado Social” e, dentro dele, com os professores, enfermeiros, polícias e médicos, entre outros. O resultado “global” foi este. Desculparem-se com isso é o mesmo que dizer que se fez cocó porque os meninos estavam a fazer cocó. Agora… não há papel higiénico que chegue para esconder o que fizeram. Globalmente.

Todos diferentes, todos iguais.

(e quase me dá vontade de rir ler algumas pessoas agora a exaltarem muito os professores, quando fizeram uma longa travessia de silêncio ou mesmo conivência quando tudo isto se passou e ainda bateram palmas à add e disseram que o congelamento tinha mesmo de ser e que isto e aquilo… agora, andam a ver se não se percebe o que não fizeram nos invernos passados)

2 opiniões sobre “A Escassez De Professores É Um Fenómeno “Global”?

  1. Numa palavra, ou conceito: neoliberalismo. Há por aí muitos analfabetos políticos que culpam aquilo a que nesciamente chamam de socialismo do estado de coisas na educação, saúde, etc. O que faltou à geringonça foi socialismo. O que falta a este governo é socialismo. Entreguem tudo à lógica dos mercados (e a governaça, o que é senão, também, a assunção dessa lógica na administração pública e no estado social) e verão como tudo será ainda mais bonito…

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  2. Apesar de tudo (divisões, egoísmos, etc), começo a sentir na escola o espírito que nos levou à rua… Podemos voltar à rua novamente,se os sindicatos (todos!) se unirem de uma vez e se se portarem condignamente, a defender os professores.
    Começo a ouvir: “já estou por tudo”, “já não tenho nada a perder”, “o que é demais é demais”, “perdido por cem, perdido por mil”, ” estou disposto a fazer uma greve de uma semana, se for preciso, fechar a escola, só assim, vamos lá”…
    Apesar das férias, as pessoas estão exaustas… Estranho, certo? Mas é. Estão exaustas psicologicamente, velhas, cansadas, mas sobretudo fartinhas de serem maltratadas, desconsideradas, gozadas até…
    Este sentimento está em crescendo… E para isso também tem contribuído a discriminação que sentem na pele perante as constantes injustiças de um país, uma constituição, mas com 3 ECDs diferentes. Açores e Madeira sem quotas,já devolveram todo o tempo congelado. Os professores do continente, os escravos no degredo…
    Mais, os professores já não aguentam o cinismo e hipocrisia dos Costas. Sentem-se enganas, traídas… Sinto que é desta que vamos para a rua!

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