Abjecção à Vista?

O Arlindo divulgou o que será uma proposta de despacho do ME para a mobilidade de doença (Mobilidade-por-Doença) que tem aspectos que me repugnam profundamente como um sistema de quotas por agrupamento para este tipo de mobilidade, independentemente do grupo de recrutamento e (não vem lá, mas é uma consequência) da dimensão do dito agrupamento ou escola, o que significa que serão 5 para uma escola com 100 professores ou um agrupamento com 500.

Isto é demasiado mau. Fosse o outro e já teríamos a FNEprof em polvorosa, sem esperar por reuniões trimestrais. Vergonhoso.

Mobilidade

Apartheid!

Numa semana são governantes a dizer que nas escolas há “salas segregadas” e que os professores excluem os alunos com necessidades educativas especiais do convívio com os colegas. Em outra são cientistas sociais cheios de pergaminhos de esquerda académica a afirmar “que os professores têm de ser educados para não segregar” alunos de origem africana. Quase só falta o sebastião aparecer com um observatório a dizer que os professores segregam os alunos e que são eles os responsáveis por qualquer tipo de bullying nas escolas. Se isto são os “novos tempos” na Educação, phosga-se, pá que vou já ali desempoeirar a armadura que tinha arrumado no dia em que a outra entrou em espera para a FLAD.

Armadura

Tungas!

Pensavam que metiam a Isabel na ordem? O salgado já se foi e o ulrico já não se está a sentir nada bem. Nestas guerras de compadres e comadres das finanças há sabe quem acabe por baixo e raramente é quem tem mesmo dinheiro. O ulrico é apenas uma cabeça falante, bem paga, é certo, só restando saber se com recurso a offchoras. Se ele aguenta? Claro que aguenta.

Smiling

Castrati

“O critério editorial do Expresso em relação à existência de jornalistas na lista foi, é e será rigorosamente o mesmo usado em relação a todas as profissões referidas. Retirar qualquer uma delas seria fazer uma diferença de classe. Assim escrevemos sobre a existência de ‘mais de uma centena de nomes que constam nessa lista de várias páginas’, que ‘incluem várias pessoas influentes’, ‘políticos’, ‘pagamentos durante vários anos a gestores do BES e da Portugal Telecom’, ‘ex-gestores, autarcas, funcionários públicos, gestores, empresários e jornalistas'”, adianta.

bullshit-detector

Dúvida

Será que, olhando para a lista de docentes e investigadores de certas instituições universitárias, não estaremos perante um caso flagrante de “racismo institucional”, mesmo se admito que a quota lgbt está preenchida em algumas mais progressistas? Não deveremos ajudar, quiçá educar estas instituições, em especial ao nível dos seus organismos dirigentes, a não praticar tal tipo de “segregação”?

Penso mesmo que esta seria uma excelente linha de investigação para alguns cientistas sociais sempre em busca de fenómenos de discriminação.

Shining

Aguardo a Demonização

De quem decidiu exercer o seu direito ao “facultativo”. Se é que vai ser mesmo exercido. Respeito todas as opções, embora nem todas as justificações, em particular as que desvalorizam o trabalho produzido internamente nas escolas ou as que não passam de jogos políticos. Em especial as mais simplistas. Aplaudo quem ouviu os pais, professores e Conselho Geral, mesmo se o ME não teve esse tipo de visão na forma como colocou as coisas. Vamos acreditar que é inexperiência e não má-fé.

Pub28Abr16

Público, 28 de Abril de 2016

Agora sou Racista!

Cada vez adoro mais estudos que acham aquilo que queriam provar logo à partida, porque o “mercado académico dos estudos” exige que os investigadores se especializem num dado nicho e o explorem em todas as facetas. Exagero? Generalizo? Nada disso, antes assim fosse. Tomara saber menos do que sei sobre a produção da ciência social entre nós. Garanto que vou ler o estudo para percber se o título da peça é uma generalização abusiva ou se o cientista social Pedro Abrantes e a sua colega Cristina Roldão (que desconheço em concreto) só disserem a palermice ou se a escreveram com chancela científica. Diz ele que “A cor da pele conta para os resultados dos alunos”, deduzindo-se que obtém essa relação através da análise entre o desempenho dos alunos e o seu grupo étnico. A tese parece evidente na sua simplicidade matemática. Ou seja, tomando à letra, os alunos serão discriminados nas nossas escolas devido à cor da pele. É o que está escrito.

Repito que irei ler o estudo antes de disparar em força sobre os investigadores em causa, porque quero ver se eles não analisaram outras variáveis relacionadas com – assim de cabeça – o nível socio-económico da família destes alunos, a sua composição e nível de desestruturação, a escolaridade anterior dos pais e tudo aquilo que faz com que estes alunos cheguem à escola numa situação de enorme desigualdade que nas escolas se tenta equilibrar até aos limites do possível. Espero que os investigadores estejam informados sobre os estudos que fazem o cálculo da probabilidade de (in)sucesso de determinados grupos de alunos com base no seu contexto familiar, social e económico para perceber se estes alunos, no seu conjunto e apesar do seu nível de insucesso, não conseguirão até atingir melhores resultados do que os esperados.

A sério que vou ler e só depois generalizar sobre os estudos tipo-isczé sobre as desigualdades socio-educacionais em Portugal.  Porque não quero fazer acusações generalistas como as de racismo que me são dirigidas enquanto professor por um par de criaturas que não sei se sabem mais do que de relações estatísticas e observações de aulas, mesmo se um é “autor de 5 livros e 27 artigos em revistas científicas com referee, 13 deles no estrangeiro” e tenha colaborado “com a Fundação Aga Khan, no programa K’Cidade, e com o Ministério da Educação, nos programas Novas Oportunidades e Avaliação Externa de Escolas”. Ter sido avaliador externo das escolas públicas entre 2006 e 2009 faz-me logo soar campainhas de alarme, mas podem ser injustificadas as minhas reservas, porque a sua tese de doutoramento até tem partes interessantes, com alguns pré-conceitos bem escondidos numa escrita típica de uma sociologia da educação dos anos 60-70 do século XX.

Quero acreditar que as “boas intenções” não sejam daquelas que esgotam a lotação do inferno. Até porque acabei de dar uma aula a uma turma com 28 alunos (com 27 presentes), dos quais apenas 12 são caucasianos (entre os quais um ucraniano) e preciso saber com urgência se sou um cripto-racista, um colaboracionista com o “racismo institucional” das escolas portuguesas. É verdade que o nível de sucesso é (neste caso) exactamente o mesmo entre os vários pigmentos em presença, mas talvez seja apenas porque eu sei esconder muito bem os meus mecanismos discriminatórios. Acredito que um investigador atento descubra que eu dou “positiva” aos alunos azuis menos claros apenas porque sou um xenófobo com os instintos controlados. Devo ter um qualquer tique que me denuncie. Por exemplo, a irritação que sinto perante simplismos. Deve dar para umas tabelas em excel e umas regressões e variâncias.

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