Uma Situação

Todas as segundas-feiras, ali no bloco do meio da manhã, estou a massacrar os alunos da minha direcção de turma de 5º ano com coisas do Português e assim. A sala é num ponto de passagem que, na hora de mudança de turno, fica no trajecto de uma agitada turma de 9º ano que, na sua composição, tem alguns elementos que acham por bem pontapear-me a porta. ao fim de duas situações semelhantes, passei a deixar a porta encostada, de modo a que o pontapeador seja apanhado em pleno acto, a menos que apenas esmurre a porta e corra muito depressa. Há os dias em que tenho o ânimo para sair da aula e confrontar os agentes de tamanho acto de compreensível rebeldia com o establishment e partilhar com eles a minha opinião sobre a sua atitude. Nem sempre gostam, acham-me áspero no trato. Costumo responder que eles foram ásperos no trato com a porta da  inha sala, material escolar a que me habituei a afeiçoar e por cujo bem estar gosto de velar (a Parque Escolar passa sempre longe e os danos têm de ser resolvidos internamente). E com o tempo consigo que a minha aspereza desaconselhe a aspereza dos pontapés e murros, mesmo se nem sempre passo por bom da cabeça. Mas eu explico sempre que a experiência deles como radicais livres é imensamente menor do que a minha e ou temos respeito uns pelos outros ou a coisa anda mal, muito mal. Mas não “os ponho na rua”, mesmo se por vezes questiono se é assim que tratam as portas lá de casa e se não querem ir rebelar-se à mesa do jantar.

A modos que tenho mau feitio, mas raramente não percebem o ponto em questão.

Haddock

7 opiniões sobre “Uma Situação

  1. Se não são alunos seus, como os poderia pôr na rua? É só um detalhe, de resto, isso acontece por todo o lado, num jogo de gato e de rato. Sim, lá me casa também fazem isso, é a resposta que dão, não é?

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