A Ressaca

Bom… agora que já tivemos a tarde toda para digerir a mudança de rumo da avaliação externa dos alunos do Ensino Básico e que já vi lançarem alguns foguetes quanto ao novo modelo, vamos lá descer ao solo e referir alguns pontos dificilmente explicáveis em relação à metodologia das alterações, com especial destaque para o 2º ciclo.

Não me parece aceitável sem forte crítica a alteração de regras no início do 2º período de um ano lectivo que foi planificado (tal como o próprio ciclo) há meses para ter provas finais no 6º ano. Porque, a título de exemplo, eu tenho sido daqueles que defendem a concentração de actividades, em especial extra-curriculares, no 5º ano, libertando as turmas de 6º, exactamente a partir deste período, de muitas dessas iniciativas, por ser necessário ter os conteúdos leccionados e consolidados a meio de Maio. Agora, assim num repente, os alunos de 5º ano têm prova e os de 6º, não. O razoável seria ter mudado este ano apenas o calendário das provas e não o ano de escolaridade a que se aplicam.

Até porque… assim há uns felizardos que fizeram provas finais o ano passado (4º ano) e farão este ano as de aferição (5º ano), enquanto os vizinhos do 6º ficarão livres daqui até ao 8º ano. Parece-me mal… Já que este ano não há provas de 4º ano, deveriam ser esses alunos a estrearem as de 5º. Tudo poderia ter obedecido a um cronograma coerente que não estragasse algumas boas ideias.

Penso eu de que. Mas, como é sabido, sou um professor um bocado pró básico. Guardo para depois outros considerandos sobre os casos do 1º e 3ºciclo.

Nutty

Adenda: felicitei a minha petiza por pertencer à geração que está a conseguir ficar com o pior de todos os mandatos… Magalhães descontinuado, aec da treta, provas finais a contar 30% no 4º e 6º ano… provas a dobrar no 3º ciclo… ela deve pensar que é karma genético, castigo dos astros por causa do pai que tem.

18 opiniões sobre “A Ressaca

  1. Nem sei que diga. Na minha escola fazem todos testes globais pelo que vai ser mais fácil mas,…
    vão ter de mudar calendários e planos. Trabalho feito deitado ao lixo, refazer tudo… :/
    Os anticorpos vão crescer…

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  2. “Não me parece aceitável sem forte crítica a alteração de regras…”

    Reportando isto a uma certa reposição de cortes salariais e mais a medidas sobre a taxa do IRS (bem sei que esta é outra área), poderíamos dizer tb que a “cronologia” não é boa?

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    1. Não consigo encontrar paralelismo entre as duas áreas.

      Já se me falar na reposição da progressão na carreira docente, poderei dizer alguma coisa ainda mais acutilante.

      Já agora, cara “F” ou “nanda”, eu ando muito menos “democrático” do que andava e tenho memória das ofensas pessoais e profissionais que me dirigiu no passado. Portanto… mesmo para entendedora má, estas palavras chegarão para perceber ao que andamos por aqui.

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  3. Em relação a timings, parece-me que as responsabilidades têm de ser pedidas é ao cavacal presidente, ao não antecipar as eleições legislativas, primeiro, e depois ao insistir na farsa que foi a nomeação de Passos Coelho e que nos fez perder dois meses com um governo faz-de-conta.

    A partir daí, tudo o que o actual governo pudesse fazer, em termos de timing, seria sempre criticável, fosse pelo “imobilismo” de não fazer nada, pela “pressa” de decidir ou pelo “impasse” de andar a engonhar com estudos e grupos de trabalho.

    Como escrevi em https://escolapt.wordpress.com/2016/01/09/estudar-para-aprender-ou-para-passar-no-exame/

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    1. Anunciar em Janeiro de 2016 um novo e completo modelo de avaliação a implementar em 2016/17 não seria criticável. Fosse Crato a fazer isto e já havia cabelos arrancados em maior quantidade do que na Índia para fazer perucas ocidentais.

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      1. Acho que há aqui uma diferença importante: uma coisa é anunciar um exame nacional com influência na nota dos alunos e para o qual é suposto prepararem-se para obter o melhor resultado possível. Outra coisa é uma prova de aferição, que não conta para a nota e para a qual não se pretende, à partida, e a meu ver, que se estude especificamente para ela. Pois o objectivo é ver o que efectivamente se aprendeu e quais as áreas a melhorar em termos de aprendizagem.

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      2. ” Fosse Crato a fazer isto ”

        Mas não foi. Pela simples razão de Nuno Crato não entender nada de educação, de políticas educativas e da vida real das escolas e pelo facto de sabermos (uns agora, outros antes) que os seus objectivos eram claros – subfinanciar a escola, manipular , em simultâneo, a opinião pública com o rigor dos exames e ….privatizar.

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  4. Já percebi que as provas de aferição irão ser encaradas por muita gente como qualquer coisa para fazer e seguir em frente, sem se pensar muito nisso, “pois não conta para nada”.

    Eu mantenho o que sempre afirmei a este respeito: não se mudam regras relacionadas com a avaliação já com o 2º período em andamento. Este princípio é, em meu escasso entendimento, válido para qualquer governo e ministro, seja qual for o seu partido ou maioria de apoio.

    Há princípios para os procedimentos que estão para além das maiorias circunstanciais e dos amores e desamores ideológicos ou políticos.

    Há uma linha que divide…

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  5. Cara “nanda”/F… foram ofensas pessoais e profissionais as que me dirigiu em comentários em outros blogues, nomeadamente num vergonhoso “cotãoumbiguista”.

    Tivesse vergonha na cara e não voltaria a comentar num blogue meu, depois do que escreveu mas, infelizmente, a classe docente alberga algumas criaturas abjectas que só por coincidência se podem considerar “educadoras”.

    Repito o que já escrevi em outros tempos… não busque pelas minhas bandas o que lhe falta de emoção na vida, em especial depois do comportamento vergonhoso que teve para comigo, meses após meses e que nada teve a ver com diferença de opiniões mas sim com activa colaboração com uma tentativa de assassinato de carácter. Já houve quem se arrependesse e pedisse desculpa mas, no seu caso, infelizmente, não.

    Este “quintal” tem possessivo, portanto… não é bem-vinda, “professora” Fernanda Marques, não por causa de opiniões divergentes, mas por defeito de carácter.

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