E Depois Entramos no Reino da Paródia

A Anabela Magalhães chamou a atenção para uma peça da RTP que parece uma autêntica paródia acerca dos salários dos professores dos vários níveis de ensino. A superficialidade da análise é a habitual nestes casos e o mais certo é estarem a comparar o salário de um assistente do 1º triénio do politécnico ou assistente estagiário universitário (1636,83€) com o de um professor do básico/secundário no mítico topo da carreira (3.160,02€) a que ascenderam algumas centenas de colegas nos últimos meses.

Basta ver que um assistente do 2º triénio do politécnico, sem mestrado ou doutoramento ganha 2.209,72€, enquanto um assistente universitário ganha pelo menos  2.291,56€ que é mais do que eu ganho no 6º escalão da carreira docente não-superior (2.159,73 €), mesmo tendo mestrado e doutoramento e quase 30 anos de serviço.

E nem é bom questionar a razão da diferença entre os rendimentos d@s colegas do pré-escolar e os do 3º ciclo. Porque não existe. É uma falsidade. A tabela salarial é a mesma.

Ao fazer este tipo de serviço, a televisão pública não presta serviço público mas serviço político. Da pior qualidade.

OCDE RTP

E não adianta escrever ao provedor, porque ele gosta é dos moitasdedeus.

Se a OCDE não é responsável por esta vergonhosa manipulação dos dados para intoxicação da opinião pública? Acredito que não, mas talvez fosse melhor verificar com que palha o IGeFE alimenta os seus estudo. Porque a credibilidade de um estudo também depende da análise crítica das suas “fontes” que não são imunes ao escrutínio só por serem “oficiais”.

30 opiniões sobre “E Depois Entramos no Reino da Paródia

  1. A RTP, que devia ter responsabilidades acrescidas no tratamento da informação e na qualidade do que que é transmitido, presta-se ao pior dos papéis. Estou sem pachorra!

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  2. Lamentavelmente, estes truques de “plantar” notícias “trabalhadas”, a propalar exageros e falsidades para enxovalhar os professores e acicatar a opinião pública contra nós, inscrevem-se no adn ou na tradição do partido socialista, como os colegas têm lembrado. Ainda estão bem vívidas as minhas recordações dos tempos socráticos/MLR: em tempo de luta, ao longo de dias, ao acordar, as notícias contra a classe docente no rádio/despertador caíam como bombas! Aquilo foi traumático, todos o sentimos…

    Eis que os socialistas voltam ao mesmo. A falta de respeito pelos professores está lá, continua de boa saúde. Cá me parece que é intrínseca aos seus dirigentes e pessoal do aparelho! Mas há mesmo necessidade de chegar a esse ponto? Não querem dar, não dão, mas não necessitam de recorrer a estes estratagemas tão insidiosos, nojentos mesmo, e assim achincalharem milhares e milhares de profissionais!

    E, já agora, deixem-me registar aqui que, mau grado todas as dificuldades dos tempos de Passos Coelho e Nuno Crato, nunca senti que nos faltassem ao respeito. Pelo contrário. E garanto-vos que não me identifico ideologicamente com eles, mas devo fazer aqui essa distinção, pois prezo muito a verdade e a coerência. O seu a seu dono. E ainda deram a hipótese de se sair com uma indemnização, que a mulher do nosso primeiro aproveitou e fez muito bem. Agora, nem isso…

    Quanto ao papel dos jornalistas, bem, isto já vai longo e estamos conversados.

    Quanto à OCDE e que interesses serve – lanço o desafio para uma reflexão sobre o tema.

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      1. F., aprecio os seus comentários e, na maioria das vezes, concordo consigo. Compreendo, aceito que discorde das minhas opiniões, como é óbvio, mas acho que entende o que eu quis dizer.
        Tenha um bom ano letivo.

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    1. A. Sérgio, em parte concordo com o que diz. De qualquer modo, seria difícil fazer pior ao ensino e a educação do que fez o reino de Sócrates (e os seus apóstolos) e agora faz Costa Lda. Aliás, os apóstolos são quase os mesmos e entretanto refinaram os métodos.

      Os últimos são mais apurados: escolherem um ministro sombra, em modo surdo mudo, ao invés daquela senhora, difícil de adjetivar sem ser deselegante, que progrediu a reitora sem cotas, sem limitações no OE. Pois…

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  3. Concordo com a maioria dos comentários. É urgente exigir que os órgãos de comunicação se retratem e reponham a verdade. É urgente exigir aos responsáveis do ME que venham a público demacar-se das conclusões do relatório. Para isso, é preciso que os sindicatos assumam as suas responsabilidades. Não pode havet tanto silêncio.

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    1. Já alguém também se lembrou de enviar uma exposição devidamente fundamentada para os Truques da Imprensa Portuguesa, a desmontar as mentiras que têm sido lançadas a público?
      Pode ser que eles peguem na coisa.

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  4. Porque é que não há verdadeiro contraditório para tanta deturpação da realidade? Porque não interessa fazê-lo. E porquê? Já todos percebemos, certo?

    Somos muitos, mas não temos voz que seja audível! Eles, com os media incluídos, são bem menos, mas estão nos sítios certos, têm meios que usam de forma subversiva e assim contaminam a opinião pública. O que é que se passa com a opinião pública? As pessoas deixaram de pensar por si??
    Ah, e têm os microfones do seu lado, ou a sua frente, como preferirem.

    Não gosto sequer de escrever os seus nomes (MST, Moita semdeus, diretores de jornais, muitos (des)fazedores de opinião, etc.)…
    É gente que parece alimentar-se do ódio e do desprezo que sente pelos professores.

    Só falta acusarem-nos do aquecimento global, das alterações climáticas, da falência técnica em que caímos, dos conflitos da faixa da Gaza, de termos eleito o Trump, etc. Chega?

    Desculpem, depois de hoje ter tido o terceiro CP deste ano, que ainda mal começou, ler certas coisas é ainda mais revoltante.

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  5. Ou o governo assume, publicamente, o erro daqueles valores ou terá que me devolver o que nunca me foi pago (IRS prova-o) …alguém o estará a receber por mim.
    Claro que o país se habituou à corrupção e é mais fácil, e de sucesso quase garantido, utilizar os professores para desviar atenções mas… para variar, e já que a população gosta, que vão vilipendiar outros …

    Olhem lá se os gajos do PS se manifestam contra os presidentinhos de câmaras suas sobre quem recaem suspeições… E, os outros é que são corporativos…

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  6. Sr. António:
    Face ao teor ordinário da sua resposta ao meu post, duvido que seja meu colega. Espero sinceramente que não o seja, pois não o queria para professor dos meus filhos ou dos filhos de quem quer que seja.
    Pessoas como o senhor a escrever por aqui só podem ter como objetivo contribuir para emporcalhar ainda mais a imagem do grupo profissional a que pertenço. Não se canse, poupe-nos, já há muita gente por aí a fazê-lo e nem precisam de utilizar o estilo taberneiro.

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    1. A. Sérgio,

      (estava a escrever e desapareceu-me o comentário)

      Mas vou resumir.

      Também gosto de ler o que escreve e tantas vezes de acordo.

      Escrevi o que escrevi porque alarguei o âmbito das governações em causa.

      No governo de PC a atitude irascível abrangeu quase toda a sociedade. Foi o medo instalado geral. Foi o medo de perder o emprego, a auto-culpabilização generalizada, o convite à emigração, o empobrecimento como política de “regeneração”, o retrocesso nas leis laborais….mas, repito, o Medo foi uma constante. Não precisaram de diabolizar esta ou aquela classe profissional.

      Mas tem razão – O PS sempre teve esta atitude irascível em relação aos professores, denegrindo-os e avançando com os protagonistas que todos conhecemos e que, parece, voltaram.
      Aí concordo totalmente.

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  7. Está na altura de os professores se organizarem num gabinete de crise. Devemos organizar um grupo para angariar fundos financeiros. Isto só lá vai usando as mesmas regras que o governo, comprar os Media, pagar para postar notícias, temos de os combater com as mesmas armas, depois, TRIBUNAIS!
    Penso que a comissão que organizou a ILC sería o ideal! Acredito que muitos colegas e familiares colaborarão. Se todos contribuirmos com 10 euros facilmente chegaremos a 200 ou 300 mil euros.

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  8. Concordo em parte com o colega. Parece-me que devíamos recorrer aos tribunais, visto que o que acontece em muitos casos é um desrepeito à lei. Desgaste por desgaste optava por esse. Apesar de tudo, é o último reduto do estado de direito e da democracia. Não há nada a esperar dos sindicatos quanto a isso. Não pertence à sua história e cultura. A ILC é um bom começo. Acrescento só que lamento que por vezes o tom dos comentários desça tanto de nível.

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      1. Coitado do F (?), ficou com a missão de defender (?) a honra do seu convento.
        Fora isto ,passa o ano letivo a tirar fotocópias e fazer autocolantes e transportar ilustres do convento.
        Um abraço

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  9. A Ética socialista em todo o seu esplendor!

    Mas o maior problema, quanto a mim, é que não se vislumbra no espectro político actual nenhuma alternativa credível a esta política rasteira, ignóbil e impregnada de má-fé…

    Por outras palavras, não me sinto representada como cidadã pela actuação do governo actual nas principais matérias, mas também não me revejo em nenhum dos restantes partidos políticos.

    Moral da história: não deixarei de ir votar (é um direito de que não abdico), mas votarei em branco como forma de protesto (ou anularei o voto se estiver muito zangada 🙂 )…

    O que é verdadeiramente lamentável é que este país se tem vindo a tornar num deserto de ideias políticas, onde apenas subsistem os interesses partidários, as agendas partidárias, a corrupção, os compadrios e a falta de ética… e nisto não vejo excepção entre os partidos políticos existentes.

    Chego a ter nojo (sem aspas) dos actuais actores políticos…

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