Bonanza?

Serei só eu a achar que anda por aqui uma enorme incoerência e, quiçá, uma chantagem muito mal encapotada?

A secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, admitiu nesta quinta-feira, no Parlamento, que o seu ministério “não é indiferente” ao facto das escolas virem a realizar, ou não, as provas de aferição já este ano lectivo. As provas no 2.º, 5.º e 8.º ano estão previstas no novo modelo de avaliação para o ensino básico, apresentado em Janeiro passado e ao qual foi depois acrescentado, em Março, um regime transitório que torna a sua realização facultativa este ano.

Serão os directores, depois de ouvidos os Conselhos Pedagógicos, a decidir, sendo contudo obrigados a fundamentar a sua decisão caso optem por não as realizar. “O Ministério da Educação tem uma preferência para que estas se realizem, mas entende que, por razões ponderosas, as escolas possam não o fazer”, especificou Alexandra Leitão, durante uma audição de quase duas horas do ministro Tiago Brandão Rodrigues e dos seus secretários de Estado, que foi requerida pelo PSD, precisamente por causa do regime transitório aprovado pelo Governo.

Vamos lá a ver se o pessoal do ME percebe o significado de “facultativo”… facultativo é algo não obrigatório, que as pessoas podem fazer ou não, conforme a sua vontade e razões para tal. Se não é obrigatório, por definição, ninguém é obrigado a fazer. A menos que a desconstrução pós-moderna da linguagem esteja a voltar a tempos que se desejavam meio esquecidos. E o ministro ou sabe o que quer ou não sabe. E a secretária de Estado, que desconheço praticamente em absoluto (e que julgo esteja no cargo em tirocínio curricular), poderia deixar de dar recados deste tipo e preocupar-se mais em perceber a confusão em que se deixaram meter. Agora… estar a tentar empurrar as escolas para fazerem algo que é – todos em coro – FACULTATIVO, de acordo com o próprio ME, é feio. E se as razões são ponderosas ou não, não é um qualquer burrocrata ou assessor que determina, depois de Conselho Pedagógico e Direcção de uma Escola/Agrupamento tomarem uma decisão. Em especial aquelas que assinaram uns papelitos a dizerem que têm “autonomia” e que prestam periodicamente contas do que fazem como se estivessem num espartilho.

Quanto ao que o ministério prefere ou não, a mim interessa pouco, pouquíssimo, habituado que estou a que se estejam a lixar para o que professores, alunos e “escolas” preferem. Se assim fosse, o processo não teria sido a lástima que está a ser nesta matéria.

Detesto malta sonsa.

bonanzamap

 

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