Sábado

Na semana que vai terminando chegou-se conclusões interessantes acerca da forma de propagação do vírus. Ele não é sensível ao tempo (não reconhece o Natal ou o Ano Novo, entrando por eles adentro sem cerimónias), mas é sensível ao espaço (reconhece os portões das escolas e fica do lado de fora, porque não trouxe cartão).

Adicionalmente, parece que muita gente descobriu que faz muito frio nas escolas durante os tempos mais agrestes da invernia. Um destes dias até descobrem que faz um calor do caraças no Verão nas salas viradas a Sul, não sabendo quem lá está se há-de abrir tudo para tentar que o ar circule (e leva com o Sol em cima e com a luz que impede que se veja seja o que for nas telas e quadros interactivos brancos), se fecha o que há de estores ou cortinas e fica um abafo do caraças, bem potenciado pela circulação dos humores corporais em ebulição). Já há uns meses, houve que tenha percebido, por fim, que o trabalho dos professores é bem mais complicado do que pensava, assim como que as teorias da “escola digital do século XXI” é uma demagogia sem decoro de certos “especialistas” que estão no poder formal ou fático há décadas.

Diz-se que as escolas portugueses não chegaram ao século XXI e eu concordo, pois em matéria de aquecimento nem sequer chegámos, na maioria, ao tempo das lareiras e em termos tecnológicos ainda estamos muito longe de ter o que têm algumas “salas do futuro” em escolas dirigidas por quem tem “o telefone do João” (e não digam que é mentira, porque eu sei de mais do que casos esporádicos em que as coisas assim foram e são) e pode sacar – mesmo assim com razoáveis limites – aquilo que os zecos comuns apenas podem desejar. Os professores até estão muito avançados porque, mesmo se em métodos estão no século XX, em condições têm quantas vezes de trabalhar mesmo como se fosse num armazém de Manchester do século XVIII.

3 opiniões sobre “Sábado

  1. “Já há uns meses, houve que tenha percebido, por fim, que o trabalho dos professores é bem mais complicado do que pensava”

    Já se esqueceram, da mesma maneira que os alunos esquecem a matéria logo a partir do momento em que pousam a caneta no fim do teste.

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